O veterano produtor Samuel Z. Arkoff, que nos anos 1960 produzira os filmes de Roger Corman baseados em Edgar Allan Poe, na década seguinte aproveitou a febre dos filmes blaxploitation e lançou uma série de produções do gênero através de seu estúdio, a American International. Apesar de não possuírem o orçamento dos filmes dos grandes estúdios, "clássicos" como Black Caesar, Slaughter's Big Rip Off e Coffy fizeram grande sucesso, e consagraram astros negros como Fred Williamson e Jim Brown. Coffy revelou a musa Pam Grier (que protagonizou o também clássico Foxy Brown), e inspirou uma trilha sonora que é um dos melhores trabalhos do músico Roy Ayers.Em uma trama típica do gênero, Grier é uma enfermeira que procura vingar-se dos vendedores de drogas responsáveis pela morte de sua irmã viciada. Ayers embala as aventuras de Coffy com uma bateria seca e precisa, percussão criativa, coloridas interpretações em piano elétrico e a sua marca registrada, o vibrafone. A desenvoltura com que Ayers sempre transitou entre o jazz e o R&B encontra seu ponto ideal neste score, que aliás foi convenientemente reutilizado por Quentin Tarantino em seu Jackye Brown, também estrelado por Pam Grier. Coffy é bem mais do que um modelo para o que seria chamado no futuro de acid-jazz, já que, nas faixas finais, Ayers nos presenteia com solos de cravo, de nítida inspiração clássica.A propósito, o compositor nunca obteve um reconhecimento à altura de seu trabalho; em seus álbuns ele mapeou o terreno para novas tendências que surgiriam no mercado musical internacional, como o próprio acid-jazz e a world music. Na ficha técnica de Coffy descobrimos um pouco mais sobre os vários talentos de Ayers, que além de ter tocado o vibrafone e cantado em "King George" e "Coffy Is The Color" (esta um hit da era blaxploitation), é creditado como compositor, arranjador, regente e produtor.
[Estou ouvindo: Fred Wesley - House Party (12" Inch Mix)]
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