Mostrando postagens com marcador Blaxploitation. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Blaxploitation. Mostrar todas as postagens

8 de mai. de 2009

Roy Ayers - Coffy


O veterano produtor Samuel Z. Arkoff, que nos anos 1960 produzira os filmes de Roger Corman baseados em Edgar Allan Poe, na década seguinte aproveitou a febre dos filmes blaxploitation e lançou uma série de produções do gênero através de seu estúdio, a American International. Apesar de não possuírem o orçamento dos filmes dos grandes estúdios, "clássicos" como Black Caesar, Slaughter's Big Rip Off e Coffy fizeram grande sucesso, e consagraram astros negros como Fred Williamson e Jim Brown. Coffy revelou a musa Pam Grier (que protagonizou o também clássico Foxy Brown), e inspirou uma trilha sonora que é um dos melhores trabalhos do músico Roy Ayers.Em uma trama típica do gênero, Grier é uma enfermeira que procura vingar-se dos vendedores de drogas responsáveis pela morte de sua irmã viciada. Ayers embala as aventuras de Coffy com uma bateria seca e precisa, percussão criativa, coloridas interpretações em piano elétrico e a sua marca registrada, o vibrafone. A desenvoltura com que Ayers sempre transitou entre o jazz e o R&B encontra seu ponto ideal neste score, que aliás foi convenientemente reutilizado por Quentin Tarantino em seu Jackye Brown, também estrelado por Pam Grier. Coffy é bem mais do que um modelo para o que seria chamado no futuro de acid-jazz, já que, nas faixas finais, Ayers nos presenteia com solos de cravo, de nítida inspiração clássica.A propósito, o compositor nunca obteve um reconhecimento à altura de seu trabalho; em seus álbuns ele mapeou o terreno para novas tendências que surgiriam no mercado musical internacional, como o próprio acid-jazz e a world music. Na ficha técnica de Coffy descobrimos um pouco mais sobre os vários talentos de Ayers, que além de ter tocado o vibrafone e cantado em "King George" e "Coffy Is The Color" (esta um hit da era blaxploitation), é creditado como compositor, arranjador, regente e produtor.
[Estou ouvindo: Fred Wesley - House Party (12" Inch Mix)]


3 de mai. de 2009

Quincy Jones & Donny Hathaway - Come Back Charlestone Blue


O disco é a trilha sonora do filme homônimo de Mack Warren, continuação de Cotton Comes To Harlem. Uma seleção musical típica das tramas Blaxploitation, numa interessante mistura baseada nos anos 20, que recebeu a produção pra lá de especiais dos magos Quincy Jones e Donny Hathaway. Os ingredientes da receita que embala as sequências de ação do longa são vários, começando no Jazz, e passando pelo Blues, Soul e Funk. Culminando no clássico do Soul "Little Ghetto Boy" de Donny Hathaway.
Aqui temos outro sample usado por Dr. Dre...
[Estou ouvindo: Osaka Monaurail - Pick Up The Pieces One By One (Parts 1 & 2)]

1 de mai. de 2009

J.J. Johnson - Cleopatra Jones


Nos anos dourados dos filmes blaxploitation, que de produções independentes acabaram chegando aos grandes estúdios, Cleopatra Jones (1973, direção de Jack Starrett) foi a resposta da Warner a grandes sucessos como "Shaft", da MGM, "Superfly", "Coffy" e outros. Uma das produções mais sofisticadas do gênero (que teve uma continuação ruim em 1975, "Cleopatra Jones and The Casino of Gold"), neste filme temos a escultural Tamara Dobson no papel título, uma agente que combate a gangue de traficantes de drogas liderada por Mommy (Shelley Winters). Os elementos que fizeram a glória dos filmes blaxploitation, como heróis de cor, vilões brancos, tiroteios, perseguições de carro e, talvez o que mais nos interessa, uma trilha sonora baseada no soul e no jazz, combinando temas vocais e faixas instrumentais, estão presentes.
Apesar de o tema principal (um clássico do gênero) ter sido composto e interpretado por Joe Simon, e de haver faixas creditadas a Carl Brandt, o grande artesão do score foi sem dúvida J.J. Johnson. James Louis "J.J." Johnson, importante trombonista de jazz, compositor e arranjador que faleceu no dia 04 de fevereiro de 2001, aos 77 anos de idade, compôs e arranjou, nos anos 70, várias trilhas para cinema ("Across 110th Street", "Trouble Man") e TV ("Starsky & Hutch", "Shaft - a Série"). Em Cleopatra Jones, para mim o seu melhor trabalho ("Across 110th Street" é muito bom, mas o CD tem pouco a ver com a música que ouvimos no filme), Johnson arranjou e regeu as composições de seus colegas, além de compor faixas excepcionais. Em "Desert Sunrise/Main Title Instrumental", que abre o filme (no CD é a 6ª faixa), o compositor utiliza cordas e metais para criar suspense e introduz um motivo adequadamente oriental, para em seguida incorporar o tema de Joe Simon à sua composição.
"Cleo and Reuben" é o jazzístico e melancólico tema de amor, enquanto que "Go Chase Cleo", faixa em duas partes ouvida em uma cena de perseguição automobilística, é uma das mais vibrantes músicas de ação já compostas no estilo. Para quem aprecia este tipo de música, a partitura de Cleopatra Jones, com seus violinos soul, metais, pianos elétricos e guitarras "wah wah", é uma aquisição obrigatória, tendo permanecido inédita em CD até 2000, quando foi lançada no Japão.
Dica: o tema principal do filme foi sampleada pelo grupo de rap CMW, confira...

[Estou ouvindo: Love Unlimited Orchestra - Getaway]

30 de abr. de 2009

Marvin Gaye - Trouble Man

Em 1971, Marvin Gaye tinha lançado o revolucionário álbum “What's Going On”, que era resultado de uma autonomia artística tão lutada e merecidamente reconhecida pela gravadora (mesmo com um pé atrás). E o estrondoso sucesso do álbum garantiu portas abertas dos estúdios de gravação para novos registros de sua criatividade e genialidade. E não haveria um outro momento tão adequado quanto a este – logo em seguida ao lançamento de “What's...”, Gaye começa a trabalhar na trilha sonora Trouble Man, juntamente ao saxofonista Trevor Lawrence.
Trouble Man é sem dúvida, o álbum de Marvin que ele mais se aproxima do Jazz, denso, e rico em arranjos de cordas e metais, alternando momentos de introspecção e num Blues-Soul contagiante. Embora seja basicamente um disco instrumental, Gaye nos presenteia com belas harmonias vocais (coisa que não é de se assustar, já que ele é o principal revolucionista do Soul, de uma maneira sutil e altamente criativa, tendo influenciado todas as gerações seguintes, vide os artistas Neo-Soul). Sempre amparado pelo sax de Trevor (tenor, alto e barítono), o disco ora soa depressivo e outros momentos épico, Marvin exerce o seu lado musico – toca piano, moog e bateria (com grandes grooves, altamente suingados) – acompanhados de uma apimentada orquestra.
Marvin Gaye criou a trilha sonora de Trouble Man, que foi lançada em 8/12/1972, não poderia ter vindo em melhor hora, sendo mais um clássico intermediando Shaft e Superfly.
Só como curiosidade, temos samples impressionantes neste álbum. E como é de conhecimento de quase todos, o rapper Mano Brown (Racionais MC’s) é fã declarado de Marvin, e daqui foram utilizados trechos nas músicas “Tô Ouvindo Alguém Me Chamar” do álbum “Sobrevivendo No Inferno” e na “Intro” de “Raio-X do Brasil” (dois clássicos do Rap nacional). Ouçam, vale a pena...

[Estou ouvindo: Bill Withers - Ain't No Sunshine]


28 de abr. de 2009

Willie Hutch - Foxy Brown

Mais uma trilha do maravilhoso Willie Hutch, este disco tem uma capa marcante, na minha modesta opinião, a mais bela das trilhas... Ilustrada pela beleza negra de Pam Grier, que também atuou na refilmagem de Quentin Tarantino (na versão de Tarantino o filme se chama Jackie Brown).
[Estou Ouvindo: Willie Hutch - Brother's Gonna Work It Out]

27 de abr. de 2009

Willie Hutch - The Mack


Willie McKinley Hutchinson, mais conhecido como Willie Hutch (Los Angeles, 6 de Dezembro de 1944 — Duncanville, 19 de setembro de 2005) foi cantor, compositor, guitarrista e produtor musical de grande importancia. Willie mudou-se com a família para Dallas ainda criança, e desde pequeno mostrava grande habilidade para tocar instrumentos. Estudou no colégio Booker T. Washington e durante a adolescência formou um grupo chamado The Ambassadors, onde cantou e começou a escrever suas primeiras músicas. Após o colégio, Willie serviu a Marinha como fuzileiro naval por dois anos. Após mudar-se para Los Angeles, Willie inicia sua carreira musical.

Seu primeiro single, "Love Has Put Me Down", foi lançado em 1964 pela Soul City Records. No ano seguinte, Willie começou a compor e produzir para o grupo The Fifth Dimension. Em 1969 Willie assina com a gravadora RCA, pela qual lança seu primeiro álbum solo, "Soul Portrait". Em 1970, o produtor Hal Davis da gravadora Motown liga para Willie pedindo ajuda para finalizar uma canção chamada "I'll Be There". Willie faz a letra da música que foi cantada pelo grupo The Jackson 5 e tornou-se o single mais vendido pela Motown até então.

Em seguida, Willie foi contratado pela Motown e lá trabalhou compondo e produzindo para artistas como Smokey Robinson, Marvin Gaye, Diana Ross, Michael Jackson, Junior Walker, The Four Tops e Aretha Franklin.

Mas seus trabalhos de maior repercussão foram as trilhas sonoras dos filmes The Mack e Foxy Brown. Essas trilhas foram e ainda são muito sampleadas por muitos artistas, como Biggie Smalls, Lil' Kim, Moby, The Chemical Brothers e Chase & Status.

Em 1982, Willie compôs Keep the Fire Burning para Gwen McCrae e voltou a trabalhar para a Motown para mais três produções. Durante os anos 90, Willie trabalhou como produtor para a Motown e em 1994 voltou a morar em Dallas, onde continuava a tocar e se apresentar.
Vai a dica: neste álbum tem um super sample,onde o mestre Dr. Dre usou, no som "Rat-Tat-Tat-Tat". Vide cena abaixo...
[Estou Ouvindo: Rick James - Moon Child]


26 de abr. de 2009

Curtis Mayfield - Superfly

Curtis Mayfield se tornou parte da cultura Soul dos Estados Unidos em 1961, quando o grupo vocal desse artista nascido em Chicago, The Impressions, começou a colecionar hits imortais nas paradas. Ele embarcou numa carreira solo em 1970 (com gravadora própria, o selo Curtom), animando as pistas de dança de todo o mundo com a eufórica "Move On Up" (do seu estupendo álbum de estréia, Curtis). Seu som característico era suntuso mas funky, com uma ótima orquestração que mesclava guitarra, cordas entuasiasmadas, majestosos metais e ritmos fluidos. A cereja no bolo era o falsete sedoso de Mayfield, com o qual ele embalava comentários cáusticos sobre a América urbana.
Superfly foi o único de Mayfield a chegar ao primeiro lugar das paradas. Era a trilha sonora do famoso filme de Blaxploitation e denunciava exatamente aquilo que a fita corria o risco de glorificar. A sinfônica "Little Child Runnin' Wild", em tom menor, pinta um retrato pessimista da vida na cidade, com seus crescendos dramáticos dando lugar, em seguida, a "Pusherman". Construída em torno de uma hipnótica linha de baixo e batuques de conga, essa reportagem em primeira pessoa sobre o cotidiano das ruas prenuncia o Gangsta Rap, lembrando que a música foi sampleada por Ice-T em "I'm Your Pusher", de 1988. A arrebatadora "No Thing On Me (Cocaine Song)", influenciada por ritmos latinos, é um poderoso manifesto contra as drogas, mas os melhores singles são "Freddie's Dead" - esse desenho pungente, à base de flauta, de uma personalidade, chegou ao quarto lugar. Muita gente aqui no Brasil vai lembrar fácil desta faixa, pois foi sampleada e imortalizada na faixa "Mano Na Porta do Bar" do Racionais MC's (álbum Raio-X do Brasil, 1992) e faixa "Give Me Your Love (Love Song), sampleada pela diva Mary J. Blige (não me recordo o nome da faixa neste momento).
Mayfield nunca mais alcançaria o sucesso comercial deste disco - There's No Place Like America Today, de 1975 (já abordado pelo blog anteriormente), é uma pérola pouco valorizada. Em agosta de 1990, uma tragédia: Curtis ficou paralizado do pescoço para baixo, devido a queda de um equipamento de iluminação sobre ele. O suave e gigante contestador da música do século 20 saiu de cena em 26 de dezembro de 1999, aos 57 anos, nos deixando o seu grande legado e talento.
[Estou ouvindo: Ed Motta - Entre e Ouça]

Download

24 de abr. de 2009

Blaxploitation


Aproveitando a brecha dada pelo comercial que circula pela TV de uma grande marca de desodorantes, vamos abordar um gênero cinematografico e musical importantíssimo para a boa música.
Blaxploitation era um movimento do cinema americano dos Anos 70 que procurava explorar a audiência do público negro, colocando no papel principal (ou em todos os papéis) atrizes e atores negros. Tarantino homenageou o gênero com o filme Jackie Brown.
Para se conseguir alguma consistência do cinema negro, não resta dúvida que devemos olhar para a produção de Hollywood, que desde a década de 70 percebeu que o filão era muito bom e importante para se desprezar. Se em The Jazz Singer, de 1927, um ator branco pintou o rosto de negro, na década de 60 Sidney Poitier tornou-se um ícone de respeito, com grandes atuações em filmes como em “Advinhe Quem Vem Para Jantar ?” e “Ao Mestre, Com Carinho”, ambos de 1967, Poitier abriu portas. Com a liberdade civil ganhando cada vez mais força nos EUA, nada mais natural que a década de 70 pudesse ser o cenário ideal para que os negros fizessem uma grande invasão.

Junto com essa conquista nos cinemas, na música, os negros ganhavam cada vez mais espaço com Funkadelic, The Impressions, Sly and Family Stone e até mesmo James Brown, que produziam músicas cheias de mensagens políticas e sociais, junto com todo o ritmo. As paradas de sucesso provavam que havia demanda para “música com mensagem”. Natural que os negros buscassem no cinema uma resposta similar.

Foi o que aconteceu. Ainda que conhecido como movimento “Blaxploitation”, a indústria cinematográfica se deu conta de que poderia faturar bastante fazendo filmes dirigidos à comunidade negra e também para apreciadores de cinema. Surgiu uma estética interessantíssima, que hoje ecoa em trabalhos de diretores como Quentin Tarantino e até mesmo no moderninho David Fincher.

Cores berrantes, perseguições incansáveis, humor ralo e chulo, heróis de caráter duvidoso, violência, violência e mais um pouco de violência era as marcas registradas do Blaxploitation. Com todo este jeitão rebelde e tosco por natureza, o cinema negro norte-americano começava a sair do limbo para ganhar força de movimento cultural. A excelente Pam Grier marcou época com suas personagens-heroínas sexys sempre de batom rosa e calças justíssimas. Basta ver filmes como “The Mack”, “Foxy Brown” ou “Superfly” para render homenagens à Pam. Beyoncé Knowles prestou seu tributo ao atuar como Foxxy Cleopatra em Austin Powers e o homem do membro de ouro. Para quem nunca viu a atuação de Pam Grier na década de 70, a personagem de Beyoncé mostra muito bem como era.

Além de Grier, Ron O'Neil, Richard Pryor, Max Julien, Antonio Fargas e Melvin Van Peebles eram os caras. Apesar de toda a evidente apelação com excesso de violência e sexo, os filmes marcaram um jeito de fazer cinema de baixo orçamento e voltado somente ao entretenimento banal. O durão Richard Roundtree encarnando Shaft faz a prova final do gênero. Mas mais importante do que tudo isso, foi que o Blaxploitation abriu portas para gente como o genial Spike Lee e seus filmes protesto da década de 80. Denzel Washington, Jada Pinkett-Smith, Halle Barry e Mario Van Peebles, todos, sem dúvida alguma, devem agradecer o estilo da década de 70 em suas maneiras de atuar. Também é nítido a influência do Blaxploitation no hip-hop da atualidade. Todos os elementos estão ali, basta ver um clipe de qualquer rapper.

Para conhecer um pouco mais do Blaxploitation, vale a pena dar uma fuçada nas locadoras atrás dos filmes do gênero. Segue ai uma listinha que você pode usar como referência para auxiliar sua busca. Não se preocupe muito com o enredo, basicamente ou são comédias grosseiras ou são policiais violentíssimos. Ou, às vezes, são os dois. Talvez seja um pouco difícil encontrar no Brasil, mas nada que o site da Amazon não resolva.
A partir deste, colocarei os principais discos do gênero... Preparem-se !!

11 de ago. de 2008

R.I.P: Isaac Hayes (20/Ago/1942 - 10/Ago/2008)


Mais um gênio que nos deixa... que Deus lhe tenha em um bom lugar.