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3 de mai. de 2009

Quincy Jones & Donny Hathaway - Come Back Charlestone Blue


O disco é a trilha sonora do filme homônimo de Mack Warren, continuação de Cotton Comes To Harlem. Uma seleção musical típica das tramas Blaxploitation, numa interessante mistura baseada nos anos 20, que recebeu a produção pra lá de especiais dos magos Quincy Jones e Donny Hathaway. Os ingredientes da receita que embala as sequências de ação do longa são vários, começando no Jazz, e passando pelo Blues, Soul e Funk. Culminando no clássico do Soul "Little Ghetto Boy" de Donny Hathaway.
Aqui temos outro sample usado por Dr. Dre...
[Estou ouvindo: Osaka Monaurail - Pick Up The Pieces One By One (Parts 1 & 2)]

1 de mai. de 2009

J.J. Johnson - Cleopatra Jones


Nos anos dourados dos filmes blaxploitation, que de produções independentes acabaram chegando aos grandes estúdios, Cleopatra Jones (1973, direção de Jack Starrett) foi a resposta da Warner a grandes sucessos como "Shaft", da MGM, "Superfly", "Coffy" e outros. Uma das produções mais sofisticadas do gênero (que teve uma continuação ruim em 1975, "Cleopatra Jones and The Casino of Gold"), neste filme temos a escultural Tamara Dobson no papel título, uma agente que combate a gangue de traficantes de drogas liderada por Mommy (Shelley Winters). Os elementos que fizeram a glória dos filmes blaxploitation, como heróis de cor, vilões brancos, tiroteios, perseguições de carro e, talvez o que mais nos interessa, uma trilha sonora baseada no soul e no jazz, combinando temas vocais e faixas instrumentais, estão presentes.
Apesar de o tema principal (um clássico do gênero) ter sido composto e interpretado por Joe Simon, e de haver faixas creditadas a Carl Brandt, o grande artesão do score foi sem dúvida J.J. Johnson. James Louis "J.J." Johnson, importante trombonista de jazz, compositor e arranjador que faleceu no dia 04 de fevereiro de 2001, aos 77 anos de idade, compôs e arranjou, nos anos 70, várias trilhas para cinema ("Across 110th Street", "Trouble Man") e TV ("Starsky & Hutch", "Shaft - a Série"). Em Cleopatra Jones, para mim o seu melhor trabalho ("Across 110th Street" é muito bom, mas o CD tem pouco a ver com a música que ouvimos no filme), Johnson arranjou e regeu as composições de seus colegas, além de compor faixas excepcionais. Em "Desert Sunrise/Main Title Instrumental", que abre o filme (no CD é a 6ª faixa), o compositor utiliza cordas e metais para criar suspense e introduz um motivo adequadamente oriental, para em seguida incorporar o tema de Joe Simon à sua composição.
"Cleo and Reuben" é o jazzístico e melancólico tema de amor, enquanto que "Go Chase Cleo", faixa em duas partes ouvida em uma cena de perseguição automobilística, é uma das mais vibrantes músicas de ação já compostas no estilo. Para quem aprecia este tipo de música, a partitura de Cleopatra Jones, com seus violinos soul, metais, pianos elétricos e guitarras "wah wah", é uma aquisição obrigatória, tendo permanecido inédita em CD até 2000, quando foi lançada no Japão.
Dica: o tema principal do filme foi sampleada pelo grupo de rap CMW, confira...

[Estou ouvindo: Love Unlimited Orchestra - Getaway]

30 de abr. de 2009

Marvin Gaye - Trouble Man

Em 1971, Marvin Gaye tinha lançado o revolucionário álbum “What's Going On”, que era resultado de uma autonomia artística tão lutada e merecidamente reconhecida pela gravadora (mesmo com um pé atrás). E o estrondoso sucesso do álbum garantiu portas abertas dos estúdios de gravação para novos registros de sua criatividade e genialidade. E não haveria um outro momento tão adequado quanto a este – logo em seguida ao lançamento de “What's...”, Gaye começa a trabalhar na trilha sonora Trouble Man, juntamente ao saxofonista Trevor Lawrence.
Trouble Man é sem dúvida, o álbum de Marvin que ele mais se aproxima do Jazz, denso, e rico em arranjos de cordas e metais, alternando momentos de introspecção e num Blues-Soul contagiante. Embora seja basicamente um disco instrumental, Gaye nos presenteia com belas harmonias vocais (coisa que não é de se assustar, já que ele é o principal revolucionista do Soul, de uma maneira sutil e altamente criativa, tendo influenciado todas as gerações seguintes, vide os artistas Neo-Soul). Sempre amparado pelo sax de Trevor (tenor, alto e barítono), o disco ora soa depressivo e outros momentos épico, Marvin exerce o seu lado musico – toca piano, moog e bateria (com grandes grooves, altamente suingados) – acompanhados de uma apimentada orquestra.
Marvin Gaye criou a trilha sonora de Trouble Man, que foi lançada em 8/12/1972, não poderia ter vindo em melhor hora, sendo mais um clássico intermediando Shaft e Superfly.
Só como curiosidade, temos samples impressionantes neste álbum. E como é de conhecimento de quase todos, o rapper Mano Brown (Racionais MC’s) é fã declarado de Marvin, e daqui foram utilizados trechos nas músicas “Tô Ouvindo Alguém Me Chamar” do álbum “Sobrevivendo No Inferno” e na “Intro” de “Raio-X do Brasil” (dois clássicos do Rap nacional). Ouçam, vale a pena...

[Estou ouvindo: Bill Withers - Ain't No Sunshine]


28 de abr. de 2009

Willie Hutch - Foxy Brown

Mais uma trilha do maravilhoso Willie Hutch, este disco tem uma capa marcante, na minha modesta opinião, a mais bela das trilhas... Ilustrada pela beleza negra de Pam Grier, que também atuou na refilmagem de Quentin Tarantino (na versão de Tarantino o filme se chama Jackie Brown).
[Estou Ouvindo: Willie Hutch - Brother's Gonna Work It Out]

27 de abr. de 2009

Willie Hutch - The Mack


Willie McKinley Hutchinson, mais conhecido como Willie Hutch (Los Angeles, 6 de Dezembro de 1944 — Duncanville, 19 de setembro de 2005) foi cantor, compositor, guitarrista e produtor musical de grande importancia. Willie mudou-se com a família para Dallas ainda criança, e desde pequeno mostrava grande habilidade para tocar instrumentos. Estudou no colégio Booker T. Washington e durante a adolescência formou um grupo chamado The Ambassadors, onde cantou e começou a escrever suas primeiras músicas. Após o colégio, Willie serviu a Marinha como fuzileiro naval por dois anos. Após mudar-se para Los Angeles, Willie inicia sua carreira musical.

Seu primeiro single, "Love Has Put Me Down", foi lançado em 1964 pela Soul City Records. No ano seguinte, Willie começou a compor e produzir para o grupo The Fifth Dimension. Em 1969 Willie assina com a gravadora RCA, pela qual lança seu primeiro álbum solo, "Soul Portrait". Em 1970, o produtor Hal Davis da gravadora Motown liga para Willie pedindo ajuda para finalizar uma canção chamada "I'll Be There". Willie faz a letra da música que foi cantada pelo grupo The Jackson 5 e tornou-se o single mais vendido pela Motown até então.

Em seguida, Willie foi contratado pela Motown e lá trabalhou compondo e produzindo para artistas como Smokey Robinson, Marvin Gaye, Diana Ross, Michael Jackson, Junior Walker, The Four Tops e Aretha Franklin.

Mas seus trabalhos de maior repercussão foram as trilhas sonoras dos filmes The Mack e Foxy Brown. Essas trilhas foram e ainda são muito sampleadas por muitos artistas, como Biggie Smalls, Lil' Kim, Moby, The Chemical Brothers e Chase & Status.

Em 1982, Willie compôs Keep the Fire Burning para Gwen McCrae e voltou a trabalhar para a Motown para mais três produções. Durante os anos 90, Willie trabalhou como produtor para a Motown e em 1994 voltou a morar em Dallas, onde continuava a tocar e se apresentar.
Vai a dica: neste álbum tem um super sample,onde o mestre Dr. Dre usou, no som "Rat-Tat-Tat-Tat". Vide cena abaixo...
[Estou Ouvindo: Rick James - Moon Child]


17 de abr. de 2009

Marvin Gaye - Let's Get It On (Deluxe Edition)


Este é, provavelmente, o único álbum da Motown que apresenta nos créditos o nome do famoso poeta modernista T.S. Eliot. O autor de A Terra Desolada escreveu, certa vez: "Birth and copulation and death, that's the facts when you get to brass tacks", uma citação que consta na contra-capa deste álbum original.

Por mais estranho que possa parecer, o sentimento expresso pelo poeta cabe perfeitamente na concepção do disco. Depois da séria crítica social de What's Going On, Marvin, aqui, quis exortar seu público a voltar ao conceito básico de "sexo consentido". A música é tórrida, sôfrega, uma animal sexual suado e resfolegante. Apesar de, em geral, ser eclipsado pelo sucesso de público e de crítica do álbum anterior, Let's Get It On (segundo lugar nos Estados Unidos) é muito mais encantador, convincente e, pode-se até dizer, mais cheio de sentimento. Fazia sentido que Gaye, veladamente sensual em suas letras e nas apresentações ao vivo, um dia decidisse escancarar essa sexualidade. A faixa-título (que chegou ao topo das paradas de 1973) era uma maneira óbvia de fincar sua bandeira. A canção, com seu clímax de melodia e letra, se tornou uma referência de música para "criar um clima" até, talvez, Gaye lançar "Sexual Healing", em 1982. "You Sure Love To Ball", com seus gemidos ofegantes, era, para alguns, um tour de force erótico e, para outros, simplesmente inaceitável. Mas, como o sexo, o álbum era cheio de jogos criativos, suntuoso e surpreendente. Muitos discos tentaram copiar essas qualidades desde então, mas nenhum chegou perto de superar Let's Get It On.

Mais uma obra-prima de Mr. Marvin...

[Estou ouvindo: James Brown - Blind Man Can See It (Extended)]

Al Green - Let's Stay Together

Em 1969, o produtor Willie Mitchell contratou um cantor de 23 anos chamado Al Green(batizado como Albert Greene) para o seu selo Hi Records, baseado em Memphis. Green era de Forrest City, Arkansas, do outro lado do rio Mississippi, e, naquele mesmo ano, vinha fazendo algum sucesso com uma banda de R&B, os Soul Mates. Mitchell e Green começaram a fazer juntos uma série de discos juntos, culminando com o álbum Let's Stay Together, de 1972. A faixa-título, lançada em single, ficou em primeiro lugar nas paradas durante nove semanas.

Mitchell tinha sido líder de uma banda em Ashland, Missouri, e entrou para a Hi Records em 1959, onde aperfeiçoou o som Hi, um maremoto sonoro denso, composto por órgãos ferozes, metais fortes e arranjos de cordas. A técnica de produção de mitchell atingiu sua melhor expressão nos discos de Green, graças, em boa parte, à voz do cantor, um instrumento maravilhoso e versátil, capaz de pular, sem aviso, de um tom grave e áspero a um doloroso falsete.

Let's Stay Together assumiu alguns importantes riscos - a faixa-título, por exemplo, possui melodia que sobe e desce de forma imprevisível, algo pouco ortodoxo numa gravação pop que se propunha a vender muito, Outra faixa, "La-La For You", explora um tom menor dissonante. Green pega uma música dos Bee Gees., "How Can You Mend a Broken Heart ?", agradável, mas sem grandes brilhos, e a trnasforma num lamento devastador, quase um épico. A partir de meados da década de 70, Green se dedicou mais à pregação evangélica. Essa mudança não é, de todo, uma surpresa - sensual, cheio de sentimento e transcendental, Let's Stay Together é, na verdade, um alimento espiritual completo.
[Estou ouvindo: Idris Muhammad - Crab Apple]

16 de abr. de 2009

Curtis Mayfield - There's No Place Like America Today


Cutis Mayfield, um dos mais talentosos artistas do século 20, era original tanto no papel de cantor e compositor como no de crítico social e pioneiro da música. A trilha sonora de Superfly, lançada em 1972 (em breve falaremos deste soberbo disco), garantiu a Mayfield o aplauso da crítica e um grande público, ma, em 1975, a música negra americana estava se tornando um tanto pautada pela Disco Music e a maioria das canções eram simples celebrações hedonistas. Mayfield reagiu com There's No Place Like America Today, uma triste crônica sobre a vida do negro no país. A capa mostra uma fila de pessoas negras que parecem diminuir de tamanho diante de um enorme outdoor de uma sorridente família branca. Recriada a partir de uma fotografia de Margaret Bourke-White, de 1937, a imagem resume o abismo entre o sonho americano e a realidade das ruas.

Como Marvin Gaye no épico What's Going On, Mayfield é inflexivel ao retratar o dilema a seu redor, mas, de forma suave e firme, prega a esperança. A fixa de abertura, "Billy Jack", conta a história de um marginal insignificante, que acaba assassinado (vejam a quanto tempo vivemos esse mal). "When Season Change", com influência do gospel, reflete sobre o desespero que está por trás da pobreza. "So In Love" é uma linda canção de amor de Mayfield, enquanto "Jesus" fala da possibilidade de redenção espiritual. "Blue Monday People" traz uma mensagem positiva sobre amar sua própria gente.

No lançamento, o álbum mostrou que era capaz de atingir o público negro americano, mas - talvez sem surpresas - foi ignorado pelos brancos. Desde então, There's No Place Like America Today tem repercutido um pouco mais.

[Estou ouvindo: Olympic Runners - Go No Further]

13 de abr. de 2009

Sly & The Family Stone - There's a Riot Goin' On


O Rock-n-Soul alegre e multirracial do Sly & The Family Stone refletia o otimismo do movimento pelos direitos civis durante os anos 60. Mas, à medida que esse otimismo definhava e ia se transformando num radicalismo amargo, o Stone passava por uma experiência parecida - uma dolorosa viagem espiritual. O pessimismo já não era mais estranho ao fusion-pop criado por Sly: "Hot Fun In The Summertime", por exemplo, falava, de maneira cifrada, dos distúrbios raciais em Watts. Mas a crescente desordem civil e a carnificina no Vietnã, aliados ao seu frágil estado emocional e a doses maciças de drogas, o levaram a fazer este álbum, um impressionante discurso à nação.

O disco foi resultado de sessões e overdubs intermináveis; movido a cocaína, Stone gravava e regravava as fitas. Dizem que Miles Davis participou com seu trompete; a bateria acústica brigava por espaço com primitivas baterias eletrônicas; o baixo se sobrepunha, predatório; e as guitarras wah-wah feriam os ouvidos. O funk-pesado que domina o álbum - nebuloso, assustador e chapado - empresta uma pungência extra às faixas pop meleancólicas do disco, "Runnin' Away" e "(You Caught Me) Smilin'" - momentos de ternura para aliviar o funk furioso. Há referências a hits anteriores de Sly, como em "Time" ("Everyday People' looking forward to a simple beating"), ou a transformação do single "Thank You" no lento estertor da faixa final, rebatizada como "Thank You For Talkin' To Me Africa", a melhor do álbum.

Este diagnóstico doloroso e preciso dos males dos Estados Unidos e da própria desintegração espiritual de Sly afastou muitos fãs e marcou o início da derrocada embalada por drogas do artista. O álbum permanece, porém, brilhante, um grito funky e machucado de uma alma sob extrema tensão.

[Estou ouvindo: Baby Huey & The Baby Sitters - Hard Times]

Download

11 de abr. de 2009

Earth, Wind & Fire - That's The Way Of The World


Poucos se lembram do filme de 1975. Dirigido por Sig Shore, That's The Way Of The World contava a história de um produtor dividido entre o desejo de lançar uma nova banda e a obrigação de seguir as ordens e gravar um sucesso comercial fácil. Harvey Keitel, que tinha acabado de atuar em Alice Não Mora Mais Aqui, fez o papel do produtor, e a banda era interpretada por um grupo jovem de Soul, com alguns hits menores em seu currículo. O filme não emplacou, mas a trilha sonora foi um blockbuster, levando o Earth, Wind & Fire de uma relativa obscuridade ao topo das paradas de singles e de albuns nos Estados Unidos. Apesar do papel de novatos que tinham no filme, eles não eram estreantes. That's The Way Of The World era o sexto álbum do grupo(sétimo, se contarmos a música que a banda fez para o filme de blaxploitation Sweet Sweetback's Baadasssss Song, mas este é outro capítulo que abordaremos em breve). Nenhum entrou nas paradas, mas a presença extravagante nos palcos mostrava que a banda acreditava em seu trabalho. Do balanço irresistível de "Shining Star" aos seis minutos corridos de "See The Light", essa confiança transparece na música: um híbrido maravilhoso de Soul, Disco, Funk e ritmos latinos, liderados pelo baixista Verdine White, mas dominado mesmo pelos arranjos vocais e de metais do maravilhoso líder Maurice White. As letras são, em geral, fáceis - "Loving is a blessing / Never let it fade away" é um verso típico -, mas o entusiasmo da interpretação de Philip Bailey é difícil de superar. Vários álbuns fantásticos e músicas de enorme sucesso se seguiram a este dico, entre eles "Boogie Wonderland", "After The Love Has Gone", "Fantasy" e "Let's Groove", mas este trabalho representou a guinada na carreira de excepcional grupo.

[Estou ouvindo: Fly Like a Eagle - Steve Miller Band]

4 de abr. de 2009

Stevie Wonder - Talking Book


A foto simbólica de Stevie Wonder, feita por Robert Margouleff - o cantor está usando uma túnica africana, sentado na terra e mergulhado em pensamentos - transmite a visão solitária do mundo oferecida pela trilogia do obras-primas lançadas por ele no início dos anos 70. Mas a capa (que mostra Wonder sem os tradicionais óculos escuros) também sugere que Talking Book é um álbum confessional sobre o amor e a perda, como convinha a um artista que tinha acabado de se separar (da contora Syreeta Wright, que escreveu as letras de duas faixas lentas deste disco).
A música que abre o disco, "You Are The Sunshine Of My Life", porém, é bem pra cima, um hino ao poder redentor do amor, escrito antes da interrupção do contrato de Wonder com a Motown (nesse intervalo, ele compôs os clássicos autorais do Soul que formam boa parte do disco). Mas o Funk paranóico e pantanoso de "Maybe Your Baby" (tocada por Stevie, com exceção do solo do guitarrista Ray Parker Jr.) dá o tom verdadeiro e incerto do disco. "You And I" questiona a fragilidade do amor, embalada pela sonoridade arrebatadora de seu piano mágico e do trabalho intenso de Margouleff e Malcolm Cecil nos sintetizadores. E "Superstition", com os riffs de clavinete inspirados em Jeff Beck, mostra um olhar cínico e magoado sobre o amor livre, em cima do Funk mais selvagem composto por Wonder.
O álbum fecha com uma nota de esperança, ausente do disco que lançou dois anos depois, Fulfillingness' First Finale. Em "I Bellieve", o coração de Stevie está machucado, mas sua fé no amor permanece intacta. Mais tarde, ele escreveu canções de amor que chegaram ao topo das paradas, mas nunca mais seria tão pessoal e tão cheia de mágoa e sabedoria como em Talking Book. O título se refere a um livro que fala - este livro era o coração de Stevie Wonder e falava com toda a sinceridade.
Obra-prima de 1972...
[Estou ouvindo: Stevie Wonder - Ngiculela / Es Una Historia / I Am Singing]

3 de abr. de 2009

The Isley Brothers - 3 + 3


Até o álbum 3 + 3 ser lançado, em 1973, os Isley Brothers eram conhecidos como um grupo semelhante aos Drifters ou os Moonglows: sorridentes rapazes negros com roupas de pêlo angorá. As pessoas adoravam os sucessos dos Isleys - os Beatles gravaram "Twist And Shout" e a banda entrou nas paradas com a balançante "Shout", uma música de R&B com inspiração Gospel -, mas o material gravado por eles para a Motown acabou se revelando de uma inconsistência frustrante. 3 + 3 anuncia seu renascimento logo na capa, que numa foto de Don Hunstein mostra os cinco irmãos - Ronald, O'Kelly, Rudolph, Ernie e Marvin Isley -, mais o amigo Chris Jasper, autoconfiantes e paramentados com roupas extravagantes. Os Isleys eram, originalmente, um trio - o título do álbum é uma referência à entrada de uma nova geração no grupo.
O disco mostrou que esses rapazes de Teaneck, New Jersey, podiam tocar e cantar com tanta paixão e apelo Pop como qualquer outro grupo dos anos 70, de David Bowie a Al Green. As longas linhas, sem interrupção, da furiosa Stratocaster do garoto Ernie, de apenas 17 anos (que tinha influência direta de Jimi Hendrix - o guitarrista havia tocado com os Isley nos anos 60), embalavam a entrada dos irmãos no território do Rock. "That Lady", a faixa de abertura, se tornou um sucesso em single, mas "What It Comes Down To" e a épica "Summer Breeze" é que ficaram na memória. Os vocais são leves, melodiosos e cheios de sentimento - e, em "Summer Breeze", o tenor de Ronald é extasiante.
Um álbum caloroso e romântico, 3 + 3 está cheio de ritmos dançantes (Marvin é um dos melhores baixistas de Funk) e a música, em geral, tem um tom de R&B-Folk-Rock leve, quase acústico, que traz saudades da época inocente que precedeu a Disco Music.
[Estou ouvindo: Maysa - Playing Your Game, Baby]

1 de abr. de 2009

R.I.P: Marvin Gaye (02/abr/1939 - 01/abr/1984)


Nascido Marvin Pentz Gay, Jr., cantor popular de soul e R&B, arranjador, multiinstrumentista, compositor e produtor. Ganhou fama internacional durante os anos 60 e 70 como um artista da gravadora Motown.
O início da carreira do cantor foi em 1961, na Motown, onde Gaye rapidamente se tornaria o principal cantor da gravadora e emplacaria numerosos sucessos durante os anos sessenta, entre eles "Stubborn Kind of Fellow", "How Sweet It Is (To Be Loved By You)", "I Heard It Through the Grapevine" e vários duetos com Tammi Terrell, incluindo "Ain't No Mountain High Enough" e "You're All I Need to Get By", antes de mudar sua própria forma de se expressar musicalmente. Gaye é importante por sua luta por produzir seus sucessos, mas criativamente restritivo - no processo de gravação da Motown, intérpretes, compositores e produtores eram geralmente mantidos em áreas separadas.
Com seu bem-sucedido álbum "What's Going On", de 1971, e outros lançamentos subseqüentes - includindo "Trouble Man", de 1972, e "Let's Get It On", de 1973, Gaye, que vez ou outra compunha canções para artistas da Motown no início da sua carreira, provou também que poderia tanto escrever quanto produzir seus próprios discos sem ter de confiar no sistema da Motown. Ele é também conhecido por seu ambientalismo, talvez mais evidente na canção "Mercy Mercy Me (The Ecology)".
Durante os anos setenta, Gaye lançaria outros notáveis álbuns, includindo "Let's Get It On" e "I Want You", além de ter emplacado vários sucessos, como "Let's Get It On" e "Got to Give It Up". Já no começo dos anos oitenta, seria a vez do hit "Sexual Healing", que lhe rendeu - antes de sua morte - dois prêmios Grammy. Até o momento de ser assassinado pelo seu pai, em 1984, Gaye tinha se tornado um dos mais influentes artistas da cena soul. Em 1996, Gaye foi homenageado na 38º cerimônia do Grammy Awards.
A carreira de Marvin tem sido descrita como uma das que "abarcam toda a história do R&B, do doo-wop dos anos cinqüenta ao soul contemporâneo dos anos oitenta". "Críticos têm também afirmado que a produção musical de Gaye "significou o desenvolvimento da black music a partir do rhythm'n blues, através de um sofisticado soul de consciência política nos anos setenta e de uma abordagem maior em assuntos de cunho pessoal e sexual."
É com uma pronfunda tristeza, presto esta homenagem ao meu grande ídolo... Marvin Pentz Gaye Jr... 25 anos sem Marvin.