16 de abr. de 2009

Curtis Mayfield - There's No Place Like America Today


Cutis Mayfield, um dos mais talentosos artistas do século 20, era original tanto no papel de cantor e compositor como no de crítico social e pioneiro da música. A trilha sonora de Superfly, lançada em 1972 (em breve falaremos deste soberbo disco), garantiu a Mayfield o aplauso da crítica e um grande público, ma, em 1975, a música negra americana estava se tornando um tanto pautada pela Disco Music e a maioria das canções eram simples celebrações hedonistas. Mayfield reagiu com There's No Place Like America Today, uma triste crônica sobre a vida do negro no país. A capa mostra uma fila de pessoas negras que parecem diminuir de tamanho diante de um enorme outdoor de uma sorridente família branca. Recriada a partir de uma fotografia de Margaret Bourke-White, de 1937, a imagem resume o abismo entre o sonho americano e a realidade das ruas.

Como Marvin Gaye no épico What's Going On, Mayfield é inflexivel ao retratar o dilema a seu redor, mas, de forma suave e firme, prega a esperança. A fixa de abertura, "Billy Jack", conta a história de um marginal insignificante, que acaba assassinado (vejam a quanto tempo vivemos esse mal). "When Season Change", com influência do gospel, reflete sobre o desespero que está por trás da pobreza. "So In Love" é uma linda canção de amor de Mayfield, enquanto "Jesus" fala da possibilidade de redenção espiritual. "Blue Monday People" traz uma mensagem positiva sobre amar sua própria gente.

No lançamento, o álbum mostrou que era capaz de atingir o público negro americano, mas - talvez sem surpresas - foi ignorado pelos brancos. Desde então, There's No Place Like America Today tem repercutido um pouco mais.

[Estou ouvindo: Olympic Runners - Go No Further]

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