Este é, provavelmente, o único álbum da Motown que apresenta nos créditos o nome do famoso poeta modernista T.S. Eliot. O autor de A Terra Desolada escreveu, certa vez: "Birth and copulation and death, that's the facts when you get to brass tacks", uma citação que consta na contra-capa deste álbum original.
Por mais estranho que possa parecer, o sentimento expresso pelo poeta cabe perfeitamente na concepção do disco. Depois da séria crítica social de What's Going On, Marvin, aqui, quis exortar seu público a voltar ao conceito básico de "sexo consentido". A música é tórrida, sôfrega, uma animal sexual suado e resfolegante. Apesar de, em geral, ser eclipsado pelo sucesso de público e de crítica do álbum anterior, Let's Get It On (segundo lugar nos Estados Unidos) é muito mais encantador, convincente e, pode-se até dizer, mais cheio de sentimento. Fazia sentido que Gaye, veladamente sensual em suas letras e nas apresentações ao vivo, um dia decidisse escancarar essa sexualidade. A faixa-título (que chegou ao topo das paradas de 1973) era uma maneira óbvia de fincar sua bandeira. A canção, com seu clímax de melodia e letra, se tornou uma referência de música para "criar um clima" até, talvez, Gaye lançar "Sexual Healing", em 1982. "You Sure Love To Ball", com seus gemidos ofegantes, era, para alguns, um tour de force erótico e, para outros, simplesmente inaceitável. Mas, como o sexo, o álbum era cheio de jogos criativos, suntuoso e surpreendente. Muitos discos tentaram copiar essas qualidades desde então, mas nenhum chegou perto de superar Let's Get It On.
Mais uma obra-prima de Mr. Marvin...
[Estou ouvindo: James Brown - Blind Man Can See It (Extended)]
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