4 de abr. de 2009

Stevie Wonder - Talking Book


A foto simbólica de Stevie Wonder, feita por Robert Margouleff - o cantor está usando uma túnica africana, sentado na terra e mergulhado em pensamentos - transmite a visão solitária do mundo oferecida pela trilogia do obras-primas lançadas por ele no início dos anos 70. Mas a capa (que mostra Wonder sem os tradicionais óculos escuros) também sugere que Talking Book é um álbum confessional sobre o amor e a perda, como convinha a um artista que tinha acabado de se separar (da contora Syreeta Wright, que escreveu as letras de duas faixas lentas deste disco).
A música que abre o disco, "You Are The Sunshine Of My Life", porém, é bem pra cima, um hino ao poder redentor do amor, escrito antes da interrupção do contrato de Wonder com a Motown (nesse intervalo, ele compôs os clássicos autorais do Soul que formam boa parte do disco). Mas o Funk paranóico e pantanoso de "Maybe Your Baby" (tocada por Stevie, com exceção do solo do guitarrista Ray Parker Jr.) dá o tom verdadeiro e incerto do disco. "You And I" questiona a fragilidade do amor, embalada pela sonoridade arrebatadora de seu piano mágico e do trabalho intenso de Margouleff e Malcolm Cecil nos sintetizadores. E "Superstition", com os riffs de clavinete inspirados em Jeff Beck, mostra um olhar cínico e magoado sobre o amor livre, em cima do Funk mais selvagem composto por Wonder.
O álbum fecha com uma nota de esperança, ausente do disco que lançou dois anos depois, Fulfillingness' First Finale. Em "I Bellieve", o coração de Stevie está machucado, mas sua fé no amor permanece intacta. Mais tarde, ele escreveu canções de amor que chegaram ao topo das paradas, mas nunca mais seria tão pessoal e tão cheia de mágoa e sabedoria como em Talking Book. O título se refere a um livro que fala - este livro era o coração de Stevie Wonder e falava com toda a sinceridade.
Obra-prima de 1972...
[Estou ouvindo: Stevie Wonder - Ngiculela / Es Una Historia / I Am Singing]

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