28 de abr. de 2009

Willie Hutch - Foxy Brown

Mais uma trilha do maravilhoso Willie Hutch, este disco tem uma capa marcante, na minha modesta opinião, a mais bela das trilhas... Ilustrada pela beleza negra de Pam Grier, que também atuou na refilmagem de Quentin Tarantino (na versão de Tarantino o filme se chama Jackie Brown).
[Estou Ouvindo: Willie Hutch - Brother's Gonna Work It Out]

27 de abr. de 2009

Willie Hutch - The Mack


Willie McKinley Hutchinson, mais conhecido como Willie Hutch (Los Angeles, 6 de Dezembro de 1944 — Duncanville, 19 de setembro de 2005) foi cantor, compositor, guitarrista e produtor musical de grande importancia. Willie mudou-se com a família para Dallas ainda criança, e desde pequeno mostrava grande habilidade para tocar instrumentos. Estudou no colégio Booker T. Washington e durante a adolescência formou um grupo chamado The Ambassadors, onde cantou e começou a escrever suas primeiras músicas. Após o colégio, Willie serviu a Marinha como fuzileiro naval por dois anos. Após mudar-se para Los Angeles, Willie inicia sua carreira musical.

Seu primeiro single, "Love Has Put Me Down", foi lançado em 1964 pela Soul City Records. No ano seguinte, Willie começou a compor e produzir para o grupo The Fifth Dimension. Em 1969 Willie assina com a gravadora RCA, pela qual lança seu primeiro álbum solo, "Soul Portrait". Em 1970, o produtor Hal Davis da gravadora Motown liga para Willie pedindo ajuda para finalizar uma canção chamada "I'll Be There". Willie faz a letra da música que foi cantada pelo grupo The Jackson 5 e tornou-se o single mais vendido pela Motown até então.

Em seguida, Willie foi contratado pela Motown e lá trabalhou compondo e produzindo para artistas como Smokey Robinson, Marvin Gaye, Diana Ross, Michael Jackson, Junior Walker, The Four Tops e Aretha Franklin.

Mas seus trabalhos de maior repercussão foram as trilhas sonoras dos filmes The Mack e Foxy Brown. Essas trilhas foram e ainda são muito sampleadas por muitos artistas, como Biggie Smalls, Lil' Kim, Moby, The Chemical Brothers e Chase & Status.

Em 1982, Willie compôs Keep the Fire Burning para Gwen McCrae e voltou a trabalhar para a Motown para mais três produções. Durante os anos 90, Willie trabalhou como produtor para a Motown e em 1994 voltou a morar em Dallas, onde continuava a tocar e se apresentar.
Vai a dica: neste álbum tem um super sample,onde o mestre Dr. Dre usou, no som "Rat-Tat-Tat-Tat". Vide cena abaixo...
[Estou Ouvindo: Rick James - Moon Child]


26 de abr. de 2009

Curtis Mayfield - Superfly

Curtis Mayfield se tornou parte da cultura Soul dos Estados Unidos em 1961, quando o grupo vocal desse artista nascido em Chicago, The Impressions, começou a colecionar hits imortais nas paradas. Ele embarcou numa carreira solo em 1970 (com gravadora própria, o selo Curtom), animando as pistas de dança de todo o mundo com a eufórica "Move On Up" (do seu estupendo álbum de estréia, Curtis). Seu som característico era suntuso mas funky, com uma ótima orquestração que mesclava guitarra, cordas entuasiasmadas, majestosos metais e ritmos fluidos. A cereja no bolo era o falsete sedoso de Mayfield, com o qual ele embalava comentários cáusticos sobre a América urbana.
Superfly foi o único de Mayfield a chegar ao primeiro lugar das paradas. Era a trilha sonora do famoso filme de Blaxploitation e denunciava exatamente aquilo que a fita corria o risco de glorificar. A sinfônica "Little Child Runnin' Wild", em tom menor, pinta um retrato pessimista da vida na cidade, com seus crescendos dramáticos dando lugar, em seguida, a "Pusherman". Construída em torno de uma hipnótica linha de baixo e batuques de conga, essa reportagem em primeira pessoa sobre o cotidiano das ruas prenuncia o Gangsta Rap, lembrando que a música foi sampleada por Ice-T em "I'm Your Pusher", de 1988. A arrebatadora "No Thing On Me (Cocaine Song)", influenciada por ritmos latinos, é um poderoso manifesto contra as drogas, mas os melhores singles são "Freddie's Dead" - esse desenho pungente, à base de flauta, de uma personalidade, chegou ao quarto lugar. Muita gente aqui no Brasil vai lembrar fácil desta faixa, pois foi sampleada e imortalizada na faixa "Mano Na Porta do Bar" do Racionais MC's (álbum Raio-X do Brasil, 1992) e faixa "Give Me Your Love (Love Song), sampleada pela diva Mary J. Blige (não me recordo o nome da faixa neste momento).
Mayfield nunca mais alcançaria o sucesso comercial deste disco - There's No Place Like America Today, de 1975 (já abordado pelo blog anteriormente), é uma pérola pouco valorizada. Em agosta de 1990, uma tragédia: Curtis ficou paralizado do pescoço para baixo, devido a queda de um equipamento de iluminação sobre ele. O suave e gigante contestador da música do século 20 saiu de cena em 26 de dezembro de 1999, aos 57 anos, nos deixando o seu grande legado e talento.
[Estou ouvindo: Ed Motta - Entre e Ouça]

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24 de abr. de 2009

Blaxploitation


Aproveitando a brecha dada pelo comercial que circula pela TV de uma grande marca de desodorantes, vamos abordar um gênero cinematografico e musical importantíssimo para a boa música.
Blaxploitation era um movimento do cinema americano dos Anos 70 que procurava explorar a audiência do público negro, colocando no papel principal (ou em todos os papéis) atrizes e atores negros. Tarantino homenageou o gênero com o filme Jackie Brown.
Para se conseguir alguma consistência do cinema negro, não resta dúvida que devemos olhar para a produção de Hollywood, que desde a década de 70 percebeu que o filão era muito bom e importante para se desprezar. Se em The Jazz Singer, de 1927, um ator branco pintou o rosto de negro, na década de 60 Sidney Poitier tornou-se um ícone de respeito, com grandes atuações em filmes como em “Advinhe Quem Vem Para Jantar ?” e “Ao Mestre, Com Carinho”, ambos de 1967, Poitier abriu portas. Com a liberdade civil ganhando cada vez mais força nos EUA, nada mais natural que a década de 70 pudesse ser o cenário ideal para que os negros fizessem uma grande invasão.

Junto com essa conquista nos cinemas, na música, os negros ganhavam cada vez mais espaço com Funkadelic, The Impressions, Sly and Family Stone e até mesmo James Brown, que produziam músicas cheias de mensagens políticas e sociais, junto com todo o ritmo. As paradas de sucesso provavam que havia demanda para “música com mensagem”. Natural que os negros buscassem no cinema uma resposta similar.

Foi o que aconteceu. Ainda que conhecido como movimento “Blaxploitation”, a indústria cinematográfica se deu conta de que poderia faturar bastante fazendo filmes dirigidos à comunidade negra e também para apreciadores de cinema. Surgiu uma estética interessantíssima, que hoje ecoa em trabalhos de diretores como Quentin Tarantino e até mesmo no moderninho David Fincher.

Cores berrantes, perseguições incansáveis, humor ralo e chulo, heróis de caráter duvidoso, violência, violência e mais um pouco de violência era as marcas registradas do Blaxploitation. Com todo este jeitão rebelde e tosco por natureza, o cinema negro norte-americano começava a sair do limbo para ganhar força de movimento cultural. A excelente Pam Grier marcou época com suas personagens-heroínas sexys sempre de batom rosa e calças justíssimas. Basta ver filmes como “The Mack”, “Foxy Brown” ou “Superfly” para render homenagens à Pam. Beyoncé Knowles prestou seu tributo ao atuar como Foxxy Cleopatra em Austin Powers e o homem do membro de ouro. Para quem nunca viu a atuação de Pam Grier na década de 70, a personagem de Beyoncé mostra muito bem como era.

Além de Grier, Ron O'Neil, Richard Pryor, Max Julien, Antonio Fargas e Melvin Van Peebles eram os caras. Apesar de toda a evidente apelação com excesso de violência e sexo, os filmes marcaram um jeito de fazer cinema de baixo orçamento e voltado somente ao entretenimento banal. O durão Richard Roundtree encarnando Shaft faz a prova final do gênero. Mas mais importante do que tudo isso, foi que o Blaxploitation abriu portas para gente como o genial Spike Lee e seus filmes protesto da década de 80. Denzel Washington, Jada Pinkett-Smith, Halle Barry e Mario Van Peebles, todos, sem dúvida alguma, devem agradecer o estilo da década de 70 em suas maneiras de atuar. Também é nítido a influência do Blaxploitation no hip-hop da atualidade. Todos os elementos estão ali, basta ver um clipe de qualquer rapper.

Para conhecer um pouco mais do Blaxploitation, vale a pena dar uma fuçada nas locadoras atrás dos filmes do gênero. Segue ai uma listinha que você pode usar como referência para auxiliar sua busca. Não se preocupe muito com o enredo, basicamente ou são comédias grosseiras ou são policiais violentíssimos. Ou, às vezes, são os dois. Talvez seja um pouco difícil encontrar no Brasil, mas nada que o site da Amazon não resolva.
A partir deste, colocarei os principais discos do gênero... Preparem-se !!

17 de abr. de 2009

Marvin Gaye - Let's Get It On (Deluxe Edition)


Este é, provavelmente, o único álbum da Motown que apresenta nos créditos o nome do famoso poeta modernista T.S. Eliot. O autor de A Terra Desolada escreveu, certa vez: "Birth and copulation and death, that's the facts when you get to brass tacks", uma citação que consta na contra-capa deste álbum original.

Por mais estranho que possa parecer, o sentimento expresso pelo poeta cabe perfeitamente na concepção do disco. Depois da séria crítica social de What's Going On, Marvin, aqui, quis exortar seu público a voltar ao conceito básico de "sexo consentido". A música é tórrida, sôfrega, uma animal sexual suado e resfolegante. Apesar de, em geral, ser eclipsado pelo sucesso de público e de crítica do álbum anterior, Let's Get It On (segundo lugar nos Estados Unidos) é muito mais encantador, convincente e, pode-se até dizer, mais cheio de sentimento. Fazia sentido que Gaye, veladamente sensual em suas letras e nas apresentações ao vivo, um dia decidisse escancarar essa sexualidade. A faixa-título (que chegou ao topo das paradas de 1973) era uma maneira óbvia de fincar sua bandeira. A canção, com seu clímax de melodia e letra, se tornou uma referência de música para "criar um clima" até, talvez, Gaye lançar "Sexual Healing", em 1982. "You Sure Love To Ball", com seus gemidos ofegantes, era, para alguns, um tour de force erótico e, para outros, simplesmente inaceitável. Mas, como o sexo, o álbum era cheio de jogos criativos, suntuoso e surpreendente. Muitos discos tentaram copiar essas qualidades desde então, mas nenhum chegou perto de superar Let's Get It On.

Mais uma obra-prima de Mr. Marvin...

[Estou ouvindo: James Brown - Blind Man Can See It (Extended)]

Al Green - Let's Stay Together

Em 1969, o produtor Willie Mitchell contratou um cantor de 23 anos chamado Al Green(batizado como Albert Greene) para o seu selo Hi Records, baseado em Memphis. Green era de Forrest City, Arkansas, do outro lado do rio Mississippi, e, naquele mesmo ano, vinha fazendo algum sucesso com uma banda de R&B, os Soul Mates. Mitchell e Green começaram a fazer juntos uma série de discos juntos, culminando com o álbum Let's Stay Together, de 1972. A faixa-título, lançada em single, ficou em primeiro lugar nas paradas durante nove semanas.

Mitchell tinha sido líder de uma banda em Ashland, Missouri, e entrou para a Hi Records em 1959, onde aperfeiçoou o som Hi, um maremoto sonoro denso, composto por órgãos ferozes, metais fortes e arranjos de cordas. A técnica de produção de mitchell atingiu sua melhor expressão nos discos de Green, graças, em boa parte, à voz do cantor, um instrumento maravilhoso e versátil, capaz de pular, sem aviso, de um tom grave e áspero a um doloroso falsete.

Let's Stay Together assumiu alguns importantes riscos - a faixa-título, por exemplo, possui melodia que sobe e desce de forma imprevisível, algo pouco ortodoxo numa gravação pop que se propunha a vender muito, Outra faixa, "La-La For You", explora um tom menor dissonante. Green pega uma música dos Bee Gees., "How Can You Mend a Broken Heart ?", agradável, mas sem grandes brilhos, e a trnasforma num lamento devastador, quase um épico. A partir de meados da década de 70, Green se dedicou mais à pregação evangélica. Essa mudança não é, de todo, uma surpresa - sensual, cheio de sentimento e transcendental, Let's Stay Together é, na verdade, um alimento espiritual completo.
[Estou ouvindo: Idris Muhammad - Crab Apple]

16 de abr. de 2009

Curtis Mayfield - There's No Place Like America Today


Cutis Mayfield, um dos mais talentosos artistas do século 20, era original tanto no papel de cantor e compositor como no de crítico social e pioneiro da música. A trilha sonora de Superfly, lançada em 1972 (em breve falaremos deste soberbo disco), garantiu a Mayfield o aplauso da crítica e um grande público, ma, em 1975, a música negra americana estava se tornando um tanto pautada pela Disco Music e a maioria das canções eram simples celebrações hedonistas. Mayfield reagiu com There's No Place Like America Today, uma triste crônica sobre a vida do negro no país. A capa mostra uma fila de pessoas negras que parecem diminuir de tamanho diante de um enorme outdoor de uma sorridente família branca. Recriada a partir de uma fotografia de Margaret Bourke-White, de 1937, a imagem resume o abismo entre o sonho americano e a realidade das ruas.

Como Marvin Gaye no épico What's Going On, Mayfield é inflexivel ao retratar o dilema a seu redor, mas, de forma suave e firme, prega a esperança. A fixa de abertura, "Billy Jack", conta a história de um marginal insignificante, que acaba assassinado (vejam a quanto tempo vivemos esse mal). "When Season Change", com influência do gospel, reflete sobre o desespero que está por trás da pobreza. "So In Love" é uma linda canção de amor de Mayfield, enquanto "Jesus" fala da possibilidade de redenção espiritual. "Blue Monday People" traz uma mensagem positiva sobre amar sua própria gente.

No lançamento, o álbum mostrou que era capaz de atingir o público negro americano, mas - talvez sem surpresas - foi ignorado pelos brancos. Desde então, There's No Place Like America Today tem repercutido um pouco mais.

[Estou ouvindo: Olympic Runners - Go No Further]