26 de jun. de 2009

R.I.P. Michael Joseph Jackson - (29/08/1958 - 25/06/2009)

Sem palavras para expressar o meus sentimentos, acredito que todos de minha geração estejam da mesma forma. Michael é o principal culpado por minha grande paixão pela música, principalmente pela Black Music. É mais um que se junta no maravilhoso time musical ao lado de Deus.

19 de jun. de 2009

Protesto !!

Hello Crazy People, como diria o amalucado, saudoso e o inovador radialista Big Boy. O blog retornará mais forte que nunca, logo após aquela companhia de telefone campeã de reclamações no Procon de origem espanhola resolver o meu problema.
Enquanto isso, divirtam-se... Pois o verdadeiro Funk nunca morrerá !!

8 de mai. de 2009

Roy Ayers - Coffy


O veterano produtor Samuel Z. Arkoff, que nos anos 1960 produzira os filmes de Roger Corman baseados em Edgar Allan Poe, na década seguinte aproveitou a febre dos filmes blaxploitation e lançou uma série de produções do gênero através de seu estúdio, a American International. Apesar de não possuírem o orçamento dos filmes dos grandes estúdios, "clássicos" como Black Caesar, Slaughter's Big Rip Off e Coffy fizeram grande sucesso, e consagraram astros negros como Fred Williamson e Jim Brown. Coffy revelou a musa Pam Grier (que protagonizou o também clássico Foxy Brown), e inspirou uma trilha sonora que é um dos melhores trabalhos do músico Roy Ayers.Em uma trama típica do gênero, Grier é uma enfermeira que procura vingar-se dos vendedores de drogas responsáveis pela morte de sua irmã viciada. Ayers embala as aventuras de Coffy com uma bateria seca e precisa, percussão criativa, coloridas interpretações em piano elétrico e a sua marca registrada, o vibrafone. A desenvoltura com que Ayers sempre transitou entre o jazz e o R&B encontra seu ponto ideal neste score, que aliás foi convenientemente reutilizado por Quentin Tarantino em seu Jackye Brown, também estrelado por Pam Grier. Coffy é bem mais do que um modelo para o que seria chamado no futuro de acid-jazz, já que, nas faixas finais, Ayers nos presenteia com solos de cravo, de nítida inspiração clássica.A propósito, o compositor nunca obteve um reconhecimento à altura de seu trabalho; em seus álbuns ele mapeou o terreno para novas tendências que surgiriam no mercado musical internacional, como o próprio acid-jazz e a world music. Na ficha técnica de Coffy descobrimos um pouco mais sobre os vários talentos de Ayers, que além de ter tocado o vibrafone e cantado em "King George" e "Coffy Is The Color" (esta um hit da era blaxploitation), é creditado como compositor, arranjador, regente e produtor.
[Estou ouvindo: Fred Wesley - House Party (12" Inch Mix)]


3 de mai. de 2009

Quincy Jones & Donny Hathaway - Come Back Charlestone Blue


O disco é a trilha sonora do filme homônimo de Mack Warren, continuação de Cotton Comes To Harlem. Uma seleção musical típica das tramas Blaxploitation, numa interessante mistura baseada nos anos 20, que recebeu a produção pra lá de especiais dos magos Quincy Jones e Donny Hathaway. Os ingredientes da receita que embala as sequências de ação do longa são vários, começando no Jazz, e passando pelo Blues, Soul e Funk. Culminando no clássico do Soul "Little Ghetto Boy" de Donny Hathaway.
Aqui temos outro sample usado por Dr. Dre...
[Estou ouvindo: Osaka Monaurail - Pick Up The Pieces One By One (Parts 1 & 2)]

1 de mai. de 2009

J.J. Johnson - Cleopatra Jones


Nos anos dourados dos filmes blaxploitation, que de produções independentes acabaram chegando aos grandes estúdios, Cleopatra Jones (1973, direção de Jack Starrett) foi a resposta da Warner a grandes sucessos como "Shaft", da MGM, "Superfly", "Coffy" e outros. Uma das produções mais sofisticadas do gênero (que teve uma continuação ruim em 1975, "Cleopatra Jones and The Casino of Gold"), neste filme temos a escultural Tamara Dobson no papel título, uma agente que combate a gangue de traficantes de drogas liderada por Mommy (Shelley Winters). Os elementos que fizeram a glória dos filmes blaxploitation, como heróis de cor, vilões brancos, tiroteios, perseguições de carro e, talvez o que mais nos interessa, uma trilha sonora baseada no soul e no jazz, combinando temas vocais e faixas instrumentais, estão presentes.
Apesar de o tema principal (um clássico do gênero) ter sido composto e interpretado por Joe Simon, e de haver faixas creditadas a Carl Brandt, o grande artesão do score foi sem dúvida J.J. Johnson. James Louis "J.J." Johnson, importante trombonista de jazz, compositor e arranjador que faleceu no dia 04 de fevereiro de 2001, aos 77 anos de idade, compôs e arranjou, nos anos 70, várias trilhas para cinema ("Across 110th Street", "Trouble Man") e TV ("Starsky & Hutch", "Shaft - a Série"). Em Cleopatra Jones, para mim o seu melhor trabalho ("Across 110th Street" é muito bom, mas o CD tem pouco a ver com a música que ouvimos no filme), Johnson arranjou e regeu as composições de seus colegas, além de compor faixas excepcionais. Em "Desert Sunrise/Main Title Instrumental", que abre o filme (no CD é a 6ª faixa), o compositor utiliza cordas e metais para criar suspense e introduz um motivo adequadamente oriental, para em seguida incorporar o tema de Joe Simon à sua composição.
"Cleo and Reuben" é o jazzístico e melancólico tema de amor, enquanto que "Go Chase Cleo", faixa em duas partes ouvida em uma cena de perseguição automobilística, é uma das mais vibrantes músicas de ação já compostas no estilo. Para quem aprecia este tipo de música, a partitura de Cleopatra Jones, com seus violinos soul, metais, pianos elétricos e guitarras "wah wah", é uma aquisição obrigatória, tendo permanecido inédita em CD até 2000, quando foi lançada no Japão.
Dica: o tema principal do filme foi sampleada pelo grupo de rap CMW, confira...

[Estou ouvindo: Love Unlimited Orchestra - Getaway]

30 de abr. de 2009

Marvin Gaye - Trouble Man

Em 1971, Marvin Gaye tinha lançado o revolucionário álbum “What's Going On”, que era resultado de uma autonomia artística tão lutada e merecidamente reconhecida pela gravadora (mesmo com um pé atrás). E o estrondoso sucesso do álbum garantiu portas abertas dos estúdios de gravação para novos registros de sua criatividade e genialidade. E não haveria um outro momento tão adequado quanto a este – logo em seguida ao lançamento de “What's...”, Gaye começa a trabalhar na trilha sonora Trouble Man, juntamente ao saxofonista Trevor Lawrence.
Trouble Man é sem dúvida, o álbum de Marvin que ele mais se aproxima do Jazz, denso, e rico em arranjos de cordas e metais, alternando momentos de introspecção e num Blues-Soul contagiante. Embora seja basicamente um disco instrumental, Gaye nos presenteia com belas harmonias vocais (coisa que não é de se assustar, já que ele é o principal revolucionista do Soul, de uma maneira sutil e altamente criativa, tendo influenciado todas as gerações seguintes, vide os artistas Neo-Soul). Sempre amparado pelo sax de Trevor (tenor, alto e barítono), o disco ora soa depressivo e outros momentos épico, Marvin exerce o seu lado musico – toca piano, moog e bateria (com grandes grooves, altamente suingados) – acompanhados de uma apimentada orquestra.
Marvin Gaye criou a trilha sonora de Trouble Man, que foi lançada em 8/12/1972, não poderia ter vindo em melhor hora, sendo mais um clássico intermediando Shaft e Superfly.
Só como curiosidade, temos samples impressionantes neste álbum. E como é de conhecimento de quase todos, o rapper Mano Brown (Racionais MC’s) é fã declarado de Marvin, e daqui foram utilizados trechos nas músicas “Tô Ouvindo Alguém Me Chamar” do álbum “Sobrevivendo No Inferno” e na “Intro” de “Raio-X do Brasil” (dois clássicos do Rap nacional). Ouçam, vale a pena...

[Estou ouvindo: Bill Withers - Ain't No Sunshine]


28 de abr. de 2009

Willie Hutch - Foxy Brown

Mais uma trilha do maravilhoso Willie Hutch, este disco tem uma capa marcante, na minha modesta opinião, a mais bela das trilhas... Ilustrada pela beleza negra de Pam Grier, que também atuou na refilmagem de Quentin Tarantino (na versão de Tarantino o filme se chama Jackie Brown).
[Estou Ouvindo: Willie Hutch - Brother's Gonna Work It Out]

27 de abr. de 2009

Willie Hutch - The Mack


Willie McKinley Hutchinson, mais conhecido como Willie Hutch (Los Angeles, 6 de Dezembro de 1944 — Duncanville, 19 de setembro de 2005) foi cantor, compositor, guitarrista e produtor musical de grande importancia. Willie mudou-se com a família para Dallas ainda criança, e desde pequeno mostrava grande habilidade para tocar instrumentos. Estudou no colégio Booker T. Washington e durante a adolescência formou um grupo chamado The Ambassadors, onde cantou e começou a escrever suas primeiras músicas. Após o colégio, Willie serviu a Marinha como fuzileiro naval por dois anos. Após mudar-se para Los Angeles, Willie inicia sua carreira musical.

Seu primeiro single, "Love Has Put Me Down", foi lançado em 1964 pela Soul City Records. No ano seguinte, Willie começou a compor e produzir para o grupo The Fifth Dimension. Em 1969 Willie assina com a gravadora RCA, pela qual lança seu primeiro álbum solo, "Soul Portrait". Em 1970, o produtor Hal Davis da gravadora Motown liga para Willie pedindo ajuda para finalizar uma canção chamada "I'll Be There". Willie faz a letra da música que foi cantada pelo grupo The Jackson 5 e tornou-se o single mais vendido pela Motown até então.

Em seguida, Willie foi contratado pela Motown e lá trabalhou compondo e produzindo para artistas como Smokey Robinson, Marvin Gaye, Diana Ross, Michael Jackson, Junior Walker, The Four Tops e Aretha Franklin.

Mas seus trabalhos de maior repercussão foram as trilhas sonoras dos filmes The Mack e Foxy Brown. Essas trilhas foram e ainda são muito sampleadas por muitos artistas, como Biggie Smalls, Lil' Kim, Moby, The Chemical Brothers e Chase & Status.

Em 1982, Willie compôs Keep the Fire Burning para Gwen McCrae e voltou a trabalhar para a Motown para mais três produções. Durante os anos 90, Willie trabalhou como produtor para a Motown e em 1994 voltou a morar em Dallas, onde continuava a tocar e se apresentar.
Vai a dica: neste álbum tem um super sample,onde o mestre Dr. Dre usou, no som "Rat-Tat-Tat-Tat". Vide cena abaixo...
[Estou Ouvindo: Rick James - Moon Child]


26 de abr. de 2009

Curtis Mayfield - Superfly

Curtis Mayfield se tornou parte da cultura Soul dos Estados Unidos em 1961, quando o grupo vocal desse artista nascido em Chicago, The Impressions, começou a colecionar hits imortais nas paradas. Ele embarcou numa carreira solo em 1970 (com gravadora própria, o selo Curtom), animando as pistas de dança de todo o mundo com a eufórica "Move On Up" (do seu estupendo álbum de estréia, Curtis). Seu som característico era suntuso mas funky, com uma ótima orquestração que mesclava guitarra, cordas entuasiasmadas, majestosos metais e ritmos fluidos. A cereja no bolo era o falsete sedoso de Mayfield, com o qual ele embalava comentários cáusticos sobre a América urbana.
Superfly foi o único de Mayfield a chegar ao primeiro lugar das paradas. Era a trilha sonora do famoso filme de Blaxploitation e denunciava exatamente aquilo que a fita corria o risco de glorificar. A sinfônica "Little Child Runnin' Wild", em tom menor, pinta um retrato pessimista da vida na cidade, com seus crescendos dramáticos dando lugar, em seguida, a "Pusherman". Construída em torno de uma hipnótica linha de baixo e batuques de conga, essa reportagem em primeira pessoa sobre o cotidiano das ruas prenuncia o Gangsta Rap, lembrando que a música foi sampleada por Ice-T em "I'm Your Pusher", de 1988. A arrebatadora "No Thing On Me (Cocaine Song)", influenciada por ritmos latinos, é um poderoso manifesto contra as drogas, mas os melhores singles são "Freddie's Dead" - esse desenho pungente, à base de flauta, de uma personalidade, chegou ao quarto lugar. Muita gente aqui no Brasil vai lembrar fácil desta faixa, pois foi sampleada e imortalizada na faixa "Mano Na Porta do Bar" do Racionais MC's (álbum Raio-X do Brasil, 1992) e faixa "Give Me Your Love (Love Song), sampleada pela diva Mary J. Blige (não me recordo o nome da faixa neste momento).
Mayfield nunca mais alcançaria o sucesso comercial deste disco - There's No Place Like America Today, de 1975 (já abordado pelo blog anteriormente), é uma pérola pouco valorizada. Em agosta de 1990, uma tragédia: Curtis ficou paralizado do pescoço para baixo, devido a queda de um equipamento de iluminação sobre ele. O suave e gigante contestador da música do século 20 saiu de cena em 26 de dezembro de 1999, aos 57 anos, nos deixando o seu grande legado e talento.
[Estou ouvindo: Ed Motta - Entre e Ouça]

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24 de abr. de 2009

Blaxploitation


Aproveitando a brecha dada pelo comercial que circula pela TV de uma grande marca de desodorantes, vamos abordar um gênero cinematografico e musical importantíssimo para a boa música.
Blaxploitation era um movimento do cinema americano dos Anos 70 que procurava explorar a audiência do público negro, colocando no papel principal (ou em todos os papéis) atrizes e atores negros. Tarantino homenageou o gênero com o filme Jackie Brown.
Para se conseguir alguma consistência do cinema negro, não resta dúvida que devemos olhar para a produção de Hollywood, que desde a década de 70 percebeu que o filão era muito bom e importante para se desprezar. Se em The Jazz Singer, de 1927, um ator branco pintou o rosto de negro, na década de 60 Sidney Poitier tornou-se um ícone de respeito, com grandes atuações em filmes como em “Advinhe Quem Vem Para Jantar ?” e “Ao Mestre, Com Carinho”, ambos de 1967, Poitier abriu portas. Com a liberdade civil ganhando cada vez mais força nos EUA, nada mais natural que a década de 70 pudesse ser o cenário ideal para que os negros fizessem uma grande invasão.

Junto com essa conquista nos cinemas, na música, os negros ganhavam cada vez mais espaço com Funkadelic, The Impressions, Sly and Family Stone e até mesmo James Brown, que produziam músicas cheias de mensagens políticas e sociais, junto com todo o ritmo. As paradas de sucesso provavam que havia demanda para “música com mensagem”. Natural que os negros buscassem no cinema uma resposta similar.

Foi o que aconteceu. Ainda que conhecido como movimento “Blaxploitation”, a indústria cinematográfica se deu conta de que poderia faturar bastante fazendo filmes dirigidos à comunidade negra e também para apreciadores de cinema. Surgiu uma estética interessantíssima, que hoje ecoa em trabalhos de diretores como Quentin Tarantino e até mesmo no moderninho David Fincher.

Cores berrantes, perseguições incansáveis, humor ralo e chulo, heróis de caráter duvidoso, violência, violência e mais um pouco de violência era as marcas registradas do Blaxploitation. Com todo este jeitão rebelde e tosco por natureza, o cinema negro norte-americano começava a sair do limbo para ganhar força de movimento cultural. A excelente Pam Grier marcou época com suas personagens-heroínas sexys sempre de batom rosa e calças justíssimas. Basta ver filmes como “The Mack”, “Foxy Brown” ou “Superfly” para render homenagens à Pam. Beyoncé Knowles prestou seu tributo ao atuar como Foxxy Cleopatra em Austin Powers e o homem do membro de ouro. Para quem nunca viu a atuação de Pam Grier na década de 70, a personagem de Beyoncé mostra muito bem como era.

Além de Grier, Ron O'Neil, Richard Pryor, Max Julien, Antonio Fargas e Melvin Van Peebles eram os caras. Apesar de toda a evidente apelação com excesso de violência e sexo, os filmes marcaram um jeito de fazer cinema de baixo orçamento e voltado somente ao entretenimento banal. O durão Richard Roundtree encarnando Shaft faz a prova final do gênero. Mas mais importante do que tudo isso, foi que o Blaxploitation abriu portas para gente como o genial Spike Lee e seus filmes protesto da década de 80. Denzel Washington, Jada Pinkett-Smith, Halle Barry e Mario Van Peebles, todos, sem dúvida alguma, devem agradecer o estilo da década de 70 em suas maneiras de atuar. Também é nítido a influência do Blaxploitation no hip-hop da atualidade. Todos os elementos estão ali, basta ver um clipe de qualquer rapper.

Para conhecer um pouco mais do Blaxploitation, vale a pena dar uma fuçada nas locadoras atrás dos filmes do gênero. Segue ai uma listinha que você pode usar como referência para auxiliar sua busca. Não se preocupe muito com o enredo, basicamente ou são comédias grosseiras ou são policiais violentíssimos. Ou, às vezes, são os dois. Talvez seja um pouco difícil encontrar no Brasil, mas nada que o site da Amazon não resolva.
A partir deste, colocarei os principais discos do gênero... Preparem-se !!

17 de abr. de 2009

Marvin Gaye - Let's Get It On (Deluxe Edition)


Este é, provavelmente, o único álbum da Motown que apresenta nos créditos o nome do famoso poeta modernista T.S. Eliot. O autor de A Terra Desolada escreveu, certa vez: "Birth and copulation and death, that's the facts when you get to brass tacks", uma citação que consta na contra-capa deste álbum original.

Por mais estranho que possa parecer, o sentimento expresso pelo poeta cabe perfeitamente na concepção do disco. Depois da séria crítica social de What's Going On, Marvin, aqui, quis exortar seu público a voltar ao conceito básico de "sexo consentido". A música é tórrida, sôfrega, uma animal sexual suado e resfolegante. Apesar de, em geral, ser eclipsado pelo sucesso de público e de crítica do álbum anterior, Let's Get It On (segundo lugar nos Estados Unidos) é muito mais encantador, convincente e, pode-se até dizer, mais cheio de sentimento. Fazia sentido que Gaye, veladamente sensual em suas letras e nas apresentações ao vivo, um dia decidisse escancarar essa sexualidade. A faixa-título (que chegou ao topo das paradas de 1973) era uma maneira óbvia de fincar sua bandeira. A canção, com seu clímax de melodia e letra, se tornou uma referência de música para "criar um clima" até, talvez, Gaye lançar "Sexual Healing", em 1982. "You Sure Love To Ball", com seus gemidos ofegantes, era, para alguns, um tour de force erótico e, para outros, simplesmente inaceitável. Mas, como o sexo, o álbum era cheio de jogos criativos, suntuoso e surpreendente. Muitos discos tentaram copiar essas qualidades desde então, mas nenhum chegou perto de superar Let's Get It On.

Mais uma obra-prima de Mr. Marvin...

[Estou ouvindo: James Brown - Blind Man Can See It (Extended)]

Al Green - Let's Stay Together

Em 1969, o produtor Willie Mitchell contratou um cantor de 23 anos chamado Al Green(batizado como Albert Greene) para o seu selo Hi Records, baseado em Memphis. Green era de Forrest City, Arkansas, do outro lado do rio Mississippi, e, naquele mesmo ano, vinha fazendo algum sucesso com uma banda de R&B, os Soul Mates. Mitchell e Green começaram a fazer juntos uma série de discos juntos, culminando com o álbum Let's Stay Together, de 1972. A faixa-título, lançada em single, ficou em primeiro lugar nas paradas durante nove semanas.

Mitchell tinha sido líder de uma banda em Ashland, Missouri, e entrou para a Hi Records em 1959, onde aperfeiçoou o som Hi, um maremoto sonoro denso, composto por órgãos ferozes, metais fortes e arranjos de cordas. A técnica de produção de mitchell atingiu sua melhor expressão nos discos de Green, graças, em boa parte, à voz do cantor, um instrumento maravilhoso e versátil, capaz de pular, sem aviso, de um tom grave e áspero a um doloroso falsete.

Let's Stay Together assumiu alguns importantes riscos - a faixa-título, por exemplo, possui melodia que sobe e desce de forma imprevisível, algo pouco ortodoxo numa gravação pop que se propunha a vender muito, Outra faixa, "La-La For You", explora um tom menor dissonante. Green pega uma música dos Bee Gees., "How Can You Mend a Broken Heart ?", agradável, mas sem grandes brilhos, e a trnasforma num lamento devastador, quase um épico. A partir de meados da década de 70, Green se dedicou mais à pregação evangélica. Essa mudança não é, de todo, uma surpresa - sensual, cheio de sentimento e transcendental, Let's Stay Together é, na verdade, um alimento espiritual completo.
[Estou ouvindo: Idris Muhammad - Crab Apple]

16 de abr. de 2009

Curtis Mayfield - There's No Place Like America Today


Cutis Mayfield, um dos mais talentosos artistas do século 20, era original tanto no papel de cantor e compositor como no de crítico social e pioneiro da música. A trilha sonora de Superfly, lançada em 1972 (em breve falaremos deste soberbo disco), garantiu a Mayfield o aplauso da crítica e um grande público, ma, em 1975, a música negra americana estava se tornando um tanto pautada pela Disco Music e a maioria das canções eram simples celebrações hedonistas. Mayfield reagiu com There's No Place Like America Today, uma triste crônica sobre a vida do negro no país. A capa mostra uma fila de pessoas negras que parecem diminuir de tamanho diante de um enorme outdoor de uma sorridente família branca. Recriada a partir de uma fotografia de Margaret Bourke-White, de 1937, a imagem resume o abismo entre o sonho americano e a realidade das ruas.

Como Marvin Gaye no épico What's Going On, Mayfield é inflexivel ao retratar o dilema a seu redor, mas, de forma suave e firme, prega a esperança. A fixa de abertura, "Billy Jack", conta a história de um marginal insignificante, que acaba assassinado (vejam a quanto tempo vivemos esse mal). "When Season Change", com influência do gospel, reflete sobre o desespero que está por trás da pobreza. "So In Love" é uma linda canção de amor de Mayfield, enquanto "Jesus" fala da possibilidade de redenção espiritual. "Blue Monday People" traz uma mensagem positiva sobre amar sua própria gente.

No lançamento, o álbum mostrou que era capaz de atingir o público negro americano, mas - talvez sem surpresas - foi ignorado pelos brancos. Desde então, There's No Place Like America Today tem repercutido um pouco mais.

[Estou ouvindo: Olympic Runners - Go No Further]

13 de abr. de 2009

Sly & The Family Stone - There's a Riot Goin' On


O Rock-n-Soul alegre e multirracial do Sly & The Family Stone refletia o otimismo do movimento pelos direitos civis durante os anos 60. Mas, à medida que esse otimismo definhava e ia se transformando num radicalismo amargo, o Stone passava por uma experiência parecida - uma dolorosa viagem espiritual. O pessimismo já não era mais estranho ao fusion-pop criado por Sly: "Hot Fun In The Summertime", por exemplo, falava, de maneira cifrada, dos distúrbios raciais em Watts. Mas a crescente desordem civil e a carnificina no Vietnã, aliados ao seu frágil estado emocional e a doses maciças de drogas, o levaram a fazer este álbum, um impressionante discurso à nação.

O disco foi resultado de sessões e overdubs intermináveis; movido a cocaína, Stone gravava e regravava as fitas. Dizem que Miles Davis participou com seu trompete; a bateria acústica brigava por espaço com primitivas baterias eletrônicas; o baixo se sobrepunha, predatório; e as guitarras wah-wah feriam os ouvidos. O funk-pesado que domina o álbum - nebuloso, assustador e chapado - empresta uma pungência extra às faixas pop meleancólicas do disco, "Runnin' Away" e "(You Caught Me) Smilin'" - momentos de ternura para aliviar o funk furioso. Há referências a hits anteriores de Sly, como em "Time" ("Everyday People' looking forward to a simple beating"), ou a transformação do single "Thank You" no lento estertor da faixa final, rebatizada como "Thank You For Talkin' To Me Africa", a melhor do álbum.

Este diagnóstico doloroso e preciso dos males dos Estados Unidos e da própria desintegração espiritual de Sly afastou muitos fãs e marcou o início da derrocada embalada por drogas do artista. O álbum permanece, porém, brilhante, um grito funky e machucado de uma alma sob extrema tensão.

[Estou ouvindo: Baby Huey & The Baby Sitters - Hard Times]

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11 de abr. de 2009

Betty Wright - Live


Quando Live foi lançado em 1978, houve especulações sobre se era ou não realmente um álbum ao vivo ou simplesmente uma gravação de estúdio com aplausos enlatados, pois na capa do disco não consta nenhuma data de gravação, nem local. Mas se ele foi gravado no palco ou em estúdio, este álbum (reeditada em CD em 1992), prevê muitas provas de vitalidade Betty Wright como cantora. Live se tornou mais conhecida por sua versão de "Tonight’s The Night", que conta um movimento de uma jovem mulher perdendo sua virgindade com seu primeiro amor(segundo dizem, ser a história da própria Betty quando na adolecencia). Neste mesmo álbum contém sucessos como “A Song For You do igualmente expressivo Leon Russell e versões de seus grandes hits “Where’s The Love”, e "Clean Up Woman" (que é executado como a principal canção em um medley de 11 minutos, a qual ela demonstra muito bom humor e habilidade vocal imitando Chaka Khan, Billy Paul, Eddie Levert e Al Green). Mesmo se o título Betty Wright Live é um exemplo de falsidade publicitária, esta é uma gravação para os fãs da artista, que emocionou e que ainda emociona muita gente.

[Estou ouvindo: The Brothers Johnson - Stomp !]

Gil Scott-Heron & Brian Jackson - Winter In America



A combinação inovadora e instigante de poesia e música proposta por Gil Scott-Heron causaria um grande impacto, mais tarde, no som afro-americano. Considerado o "padrinho do Rap", Scott-Heron falava abertamente das injustiças cometidas contra a comunidade negra, bem demonstrada no hino "The Revolution Will Not Televised". Foi em Winter In America que o nemo de Scott-Heron se firmou na consciência do público. Isso se deveu, em grande parte, a seu parceiro, o talentoso tecladista Brian Jackson, que ajudou Heron a se transformar de poeta urbano e agressivo num arauto musical. Winter In America combina uma crítica aguçada com melodias cheias de sentimento. Heron é, ao mesmo tempo, duro e suave - mas determinado a expor seu ponto de vista.

Canções como "Rivers Of My Father" e "A Very Precious Time" tem um tom tranquilo e espiritual. São lindamente interpretadas por Scott-Heron, acompanhado pelos teclados sutis e contidos de Jackson. A dupla apresenta, depois, duas faixas cheias de balanço, "Back Home" e "The Bottle". Esta última fala de alcoolismo, uma praga histórica na comunidade negra, e se tornou um hit do underground, com a importante contribuição de Jackson na flauta. "H2O Gate Blues" é um discurso inspirado e de um humor frio sobre o governo Nixon.

O disco é justificadamente raivoso e impregnado de mordacidade, inteligência e bem elaborados jogos de palavras. Não admira que as letras de Gil Scott-Heron fossem, mais adiante, exercer um influência profunda em rappers com consciência social, como Public Enemy e Disposable Heroes Of Hiphoprisy. Em 1974...


[Estou ouvindo: Sly & The Family Stone - Thank You For Talkin' To Me Africa ]

Earth, Wind & Fire - That's The Way Of The World


Poucos se lembram do filme de 1975. Dirigido por Sig Shore, That's The Way Of The World contava a história de um produtor dividido entre o desejo de lançar uma nova banda e a obrigação de seguir as ordens e gravar um sucesso comercial fácil. Harvey Keitel, que tinha acabado de atuar em Alice Não Mora Mais Aqui, fez o papel do produtor, e a banda era interpretada por um grupo jovem de Soul, com alguns hits menores em seu currículo. O filme não emplacou, mas a trilha sonora foi um blockbuster, levando o Earth, Wind & Fire de uma relativa obscuridade ao topo das paradas de singles e de albuns nos Estados Unidos. Apesar do papel de novatos que tinham no filme, eles não eram estreantes. That's The Way Of The World era o sexto álbum do grupo(sétimo, se contarmos a música que a banda fez para o filme de blaxploitation Sweet Sweetback's Baadasssss Song, mas este é outro capítulo que abordaremos em breve). Nenhum entrou nas paradas, mas a presença extravagante nos palcos mostrava que a banda acreditava em seu trabalho. Do balanço irresistível de "Shining Star" aos seis minutos corridos de "See The Light", essa confiança transparece na música: um híbrido maravilhoso de Soul, Disco, Funk e ritmos latinos, liderados pelo baixista Verdine White, mas dominado mesmo pelos arranjos vocais e de metais do maravilhoso líder Maurice White. As letras são, em geral, fáceis - "Loving is a blessing / Never let it fade away" é um verso típico -, mas o entusiasmo da interpretação de Philip Bailey é difícil de superar. Vários álbuns fantásticos e músicas de enorme sucesso se seguiram a este dico, entre eles "Boogie Wonderland", "After The Love Has Gone", "Fantasy" e "Let's Groove", mas este trabalho representou a guinada na carreira de excepcional grupo.

[Estou ouvindo: Fly Like a Eagle - Steve Miller Band]

4 de abr. de 2009

Stevie Wonder - Talking Book


A foto simbólica de Stevie Wonder, feita por Robert Margouleff - o cantor está usando uma túnica africana, sentado na terra e mergulhado em pensamentos - transmite a visão solitária do mundo oferecida pela trilogia do obras-primas lançadas por ele no início dos anos 70. Mas a capa (que mostra Wonder sem os tradicionais óculos escuros) também sugere que Talking Book é um álbum confessional sobre o amor e a perda, como convinha a um artista que tinha acabado de se separar (da contora Syreeta Wright, que escreveu as letras de duas faixas lentas deste disco).
A música que abre o disco, "You Are The Sunshine Of My Life", porém, é bem pra cima, um hino ao poder redentor do amor, escrito antes da interrupção do contrato de Wonder com a Motown (nesse intervalo, ele compôs os clássicos autorais do Soul que formam boa parte do disco). Mas o Funk paranóico e pantanoso de "Maybe Your Baby" (tocada por Stevie, com exceção do solo do guitarrista Ray Parker Jr.) dá o tom verdadeiro e incerto do disco. "You And I" questiona a fragilidade do amor, embalada pela sonoridade arrebatadora de seu piano mágico e do trabalho intenso de Margouleff e Malcolm Cecil nos sintetizadores. E "Superstition", com os riffs de clavinete inspirados em Jeff Beck, mostra um olhar cínico e magoado sobre o amor livre, em cima do Funk mais selvagem composto por Wonder.
O álbum fecha com uma nota de esperança, ausente do disco que lançou dois anos depois, Fulfillingness' First Finale. Em "I Bellieve", o coração de Stevie está machucado, mas sua fé no amor permanece intacta. Mais tarde, ele escreveu canções de amor que chegaram ao topo das paradas, mas nunca mais seria tão pessoal e tão cheia de mágoa e sabedoria como em Talking Book. O título se refere a um livro que fala - este livro era o coração de Stevie Wonder e falava com toda a sinceridade.
Obra-prima de 1972...
[Estou ouvindo: Stevie Wonder - Ngiculela / Es Una Historia / I Am Singing]

3 de abr. de 2009

The Isley Brothers - 3 + 3


Até o álbum 3 + 3 ser lançado, em 1973, os Isley Brothers eram conhecidos como um grupo semelhante aos Drifters ou os Moonglows: sorridentes rapazes negros com roupas de pêlo angorá. As pessoas adoravam os sucessos dos Isleys - os Beatles gravaram "Twist And Shout" e a banda entrou nas paradas com a balançante "Shout", uma música de R&B com inspiração Gospel -, mas o material gravado por eles para a Motown acabou se revelando de uma inconsistência frustrante. 3 + 3 anuncia seu renascimento logo na capa, que numa foto de Don Hunstein mostra os cinco irmãos - Ronald, O'Kelly, Rudolph, Ernie e Marvin Isley -, mais o amigo Chris Jasper, autoconfiantes e paramentados com roupas extravagantes. Os Isleys eram, originalmente, um trio - o título do álbum é uma referência à entrada de uma nova geração no grupo.
O disco mostrou que esses rapazes de Teaneck, New Jersey, podiam tocar e cantar com tanta paixão e apelo Pop como qualquer outro grupo dos anos 70, de David Bowie a Al Green. As longas linhas, sem interrupção, da furiosa Stratocaster do garoto Ernie, de apenas 17 anos (que tinha influência direta de Jimi Hendrix - o guitarrista havia tocado com os Isley nos anos 60), embalavam a entrada dos irmãos no território do Rock. "That Lady", a faixa de abertura, se tornou um sucesso em single, mas "What It Comes Down To" e a épica "Summer Breeze" é que ficaram na memória. Os vocais são leves, melodiosos e cheios de sentimento - e, em "Summer Breeze", o tenor de Ronald é extasiante.
Um álbum caloroso e romântico, 3 + 3 está cheio de ritmos dançantes (Marvin é um dos melhores baixistas de Funk) e a música, em geral, tem um tom de R&B-Folk-Rock leve, quase acústico, que traz saudades da época inocente que precedeu a Disco Music.
[Estou ouvindo: Maysa - Playing Your Game, Baby]

1 de abr. de 2009

R.I.P: Marvin Gaye (02/abr/1939 - 01/abr/1984)


Nascido Marvin Pentz Gay, Jr., cantor popular de soul e R&B, arranjador, multiinstrumentista, compositor e produtor. Ganhou fama internacional durante os anos 60 e 70 como um artista da gravadora Motown.
O início da carreira do cantor foi em 1961, na Motown, onde Gaye rapidamente se tornaria o principal cantor da gravadora e emplacaria numerosos sucessos durante os anos sessenta, entre eles "Stubborn Kind of Fellow", "How Sweet It Is (To Be Loved By You)", "I Heard It Through the Grapevine" e vários duetos com Tammi Terrell, incluindo "Ain't No Mountain High Enough" e "You're All I Need to Get By", antes de mudar sua própria forma de se expressar musicalmente. Gaye é importante por sua luta por produzir seus sucessos, mas criativamente restritivo - no processo de gravação da Motown, intérpretes, compositores e produtores eram geralmente mantidos em áreas separadas.
Com seu bem-sucedido álbum "What's Going On", de 1971, e outros lançamentos subseqüentes - includindo "Trouble Man", de 1972, e "Let's Get It On", de 1973, Gaye, que vez ou outra compunha canções para artistas da Motown no início da sua carreira, provou também que poderia tanto escrever quanto produzir seus próprios discos sem ter de confiar no sistema da Motown. Ele é também conhecido por seu ambientalismo, talvez mais evidente na canção "Mercy Mercy Me (The Ecology)".
Durante os anos setenta, Gaye lançaria outros notáveis álbuns, includindo "Let's Get It On" e "I Want You", além de ter emplacado vários sucessos, como "Let's Get It On" e "Got to Give It Up". Já no começo dos anos oitenta, seria a vez do hit "Sexual Healing", que lhe rendeu - antes de sua morte - dois prêmios Grammy. Até o momento de ser assassinado pelo seu pai, em 1984, Gaye tinha se tornado um dos mais influentes artistas da cena soul. Em 1996, Gaye foi homenageado na 38º cerimônia do Grammy Awards.
A carreira de Marvin tem sido descrita como uma das que "abarcam toda a história do R&B, do doo-wop dos anos cinqüenta ao soul contemporâneo dos anos oitenta". "Críticos têm também afirmado que a produção musical de Gaye "significou o desenvolvimento da black music a partir do rhythm'n blues, através de um sofisticado soul de consciência política nos anos setenta e de uma abordagem maior em assuntos de cunho pessoal e sexual."
É com uma pronfunda tristeza, presto esta homenagem ao meu grande ídolo... Marvin Pentz Gaye Jr... 25 anos sem Marvin.

Herbie Hancock - Headhunters


Depois do hermético jazz eletrônico de Sextant, Herbie Hancock seguiu um caminho mais linear de funk em Headhunters. Ele ouviu muito James Brown e Stevie Wonder, e gravou algumas sessões , inéditas, com Marvin Gaye. Mas foi o funk polirrítmico do Sly & The Family Stone que moldou seu trabalho.
Hancock se despiu da bagagem de jazz experimental do LP Mwandishi Sextet, altamente inovador - e nada lucrativo -, e, do time de músicos daquele álbum, manteve apenas o multiinstrumentista de sopro Benny Maupin, convocando o estupendo Paul Jackson Jr., para fazer o papel de Larry Graham(baixista monstro do Sly & The Family Stone). O disco acabou muito diferente do som do Sly, mas inventou variados gêneros de música.
Em algum lugar da linha vibrante e cromática do baixo de "Chamaleon" está o DNA da dance music eletrônica. O primeiro ressoar do smooth jazz aparece enredado nas improvisações modais de Herbie no Fender Rhodes, enquanto o Techno, a Disco Music e o Drums 'n' Bass nasceram dos breakbeats afiados de Harvey Mason. Ao contrário dos lançamentos de Electro-Funk que Hancock fez mais adiante, Headhunters matém vestígios de sensibilidade vanguardista - como no ritmo militar de "Vein Melter", no funk mutante de "Sly" e em "Watermelon Man", uma releitura de sucesso de R&B de 1962 baseada no canto de pigmeus africanos.
A banda gravou mais dois discos (muito sampleados) com o nome de The Headhunters(estes já sem a presença de Hancock), e a carreira de Herbie teve alguns toques de genialidade, mas nada melhor do que esta obra-prima inovadora do Jazz-Funk. Isso tudo no longiquo ano de 1973...
O que está esperando ?? Prove deste doce !!
[Estou ouvindo: The Headhunters - God Make Me Funky]

31 de mar. de 2009

Jimmy "Bo" Horne - Greatest Hits


Jimmy "Bo" Horne (nascido como Jimmie Horace Horne Jr.; 28 de setembro de 1949, West Palm Beach, Florida) é músico e cantor.Filho único de um casal de professores, "Bo" Horne experimentou durante a era disco da década de 70 algum successo comercial. Seu maior hit é "Dance Across the Floor", sua única canção a alcançar o Top 10 Black da Billboard, em 1978. Escrita e produzida por Harry Wayne Casey (do KC and the Sunshine Band), essa canção foi sampleada por diversos rappers nas décadas seguintes. No mesmo ano, "Let me (Let Me Be Your Lover)" teve algum sucesso nas paradas norte-americanas. A canção seria sampleada anos depois pelo grupo de hip hop britânico Stereo MCs, em "Connected". Outro relativo sucesso do "Bo" Horne foi "You Get Me Hot", em 1979. Embora tivesse sido lançada como lado B de "Spank", a canção chegou ao Top 20 Black da Billboard e foi tocada em muitas casas noturnas da época. Já "Spank" ganhou destaque no filme Studio 54. O último single de "Bo" Horne foi "Is It In", já em 1980, que não teve êxito nas paradas de sucesso.
Funk Music com pegada Disco, esta coletânea vale a pena...
[Estou ouvindo: Manito - Na Baixa do Sapateiro]

24 de mar. de 2009

James Brown - Motherlode


Sou muito suspeito em falar no Homem, esta coletânea é interessante porque tem vários sons que até então nunca haviam sido lançados, versões exclusivas, remixes, e live. Pra quem curte Brown, é obrigatório... pra quem não curte, também é obrigatório. O Homem revolucionou a música com grooves pesados, swing até a última gota de sangue... sem falar que é o Pai do Rap, com loops, gritos, falas...
Obrigatório !!
[Estou ouvindo: The 24 Carat Black - Mother's Day]

20 de mar. de 2009

Brothers On The Slide - The Story Of UK Funk


Coletânea selecionada pelo espetácular Jean-Paul "Bluey" Maunick, do não menos sensacional grupo Incognito. Só tem artistas do Reino Unido na parada, mostrando que fora dos EUA também se fazia Funk & Soul de primeira... Temos aqui: Average White Band(Person To Person em versão demo), FBI, Gonzalez, Labbi Siffre, Joe Cocker(na sampleada Woman To Woman), Cymande, Rita Wright, Linda Lewis, entre outros.
Confira, vale a pena !!
[Estou ouvindo: I Still Believe - Norman Brown]

16 de mar. de 2009

Grover Washington Jr - Mister Magic


Saxofonista tenor, viajava quando se tratava de Jazz-Funk. Este estupendo album, apesar de ser curto, com somente 4 faixas, é de 1974... Mais um que tem o mago Rudy Van Gelder na engenharia e produzido e arranjado por nada mais, nada menos que Bob James, que também participa do album tocando piano. Dê uma olhada nos craques que também estiveram na gravação deste play: Gary King e Phil Upchurch(baixo), Harvey Mason(batera), Ralph MacDonald(percussão), Eric Gale (guitarra), entre outros...
Só por aí dá para se ter uma noção... Grooveira e bom gosto ao extremo.
Satisfaction Guaranteed !!

15 de mar. de 2009

Freddie Hubbard - Sky Dive


Quarto disco de Freddie para o selo CTI(Creed Taylor Inc.) e o segundo com Don Sebesky nos arranjos. Gravado em apenas 2 dias(04-05/Out/72), sob a batuta do super engenheiro Rudy Van Gelder. Olha só quem participa da parada: Ron Carter (baixo), Billy Cobhan (bateria), Keith Jarret (piano), George Benson (guitarra), Hubert Laws (flauta), Airto Moreira e Ray Barreto (percussão).
Quer mais ??
Isso é uma porrada na orelha...

Banda Black Rio - Maria Fumaça


Grupo carioca formado em 1976 com repertório fundamentado na música funk misturada com samba, jazz e ritmos brasileiros. A banda já gravou quatro discos (“Maria Fumaça”, "Gafieira Universal", "Saci Pererê" e "Movimento") que tiveram grande aceitação da crítica internacional. Além de composições próprias, a Banda Black Rio gravou suas versões para músicas como “Na Baixa do Sapateiro” (Ary Barroso), “Casa Forte” (Edu Lobo), etc. Comparada a outros grupos de soul-funk estrangeiros como Kool And The Gang e Earth, Wind And Fire, a Banda Black Rio desenvolveu a soul music instrumental brasileira e acabou virando objeto de culto nas pistas de dança da Inglaterra em meados da década de 80. Em 1999, a banda retomou suas atividades com nova formação, liderada por William Magalhães, filho do falecido membro-fundador Oberdan Magalhães.

Considero Maria Fumaça um dos melhores discos de funk nacional juntamente ao antológico-sobrenatural Racional do Tim Maia.

Este post é em homenagem ao trompetista João Carlos Barroso, o Barrosinho, da formação original da Black Rio que faleceu no último dia 05 aos 65 anos. Que Deus o tenha em paz...

[Ouvindo: Playing Your Game, Baby - Barry White]

13 de mar. de 2009

Spanky Wilson & The Quantic Soul Orchestra - I'm Thankful


Esse play é muito bom, Spanky Wilson & The Quantic Soul Orchestra, um belo dia uma banda de groove resolveu chamar uma diva da soul music dos anos 70, que digamos assim "aposentada" para grava uma faixa do cd da banda, o resultado foi tão bom que ela cantou em todas as faixas. O resultado de tudo isso que é um dos melhores discos de 2006.

The Brides Of Funkenstein - Funk Or Walk


No final da década 70, George Clinton tinham uma longa lista de discípulos, dentre elas estão: Dawn Silva e Lynn Mabry. Além de produção ou co-produzir tudo sobre o LP, Clinton co-escreveu a maior parte do material. Não surpreendentemente, Funk Or Walk tende a ser muito Parliamentiano, mas a gravação é surpreendentemente diverso, e Clinton mantém coisas imprevisíveis. Pauladas como "Disco To Go" e "Birdie" valem o disco... Racionais MC's que os digam !!


12 de mar. de 2009

Bohannon - Stop & Go


Baterista, percussionista e vocalista Hamilton Bohannon, mais conhecido como Bohannon. Trabalhou em turnês com monstros sagrados da Soul Music, como Stevie Wonder e outros da Motown. Fez fama na era Disco Music, mas antes disso, em 1973, Bohannon em sua estréia solo lançou esta paulada. Contém vários samples bacanas aqui... Mary J. Blige(em Oohh !!), Musiq Soulchild(em Caughtup).
Discaço para quem curte obscuridades... Aproveite !!
[Estou ouvindo: Caughtup - Musiq (Soulchild)]

11 de mar. de 2009

Parliament - The Clones Of Dr. Funkestein


Mr. George Clinton e seus súditos malucos... Grande mistura de loucura, psicodelia, drogas pesadas e de mais puro Funk. Este está entre os 10 melhores albuns de Funk de todos os tempos em minha opnião !!
Ouça sem moderação !!
[Estou ouvindo: Dr. Funkenstein - Parliament]

7 de mar. de 2009

Rick James - The Very Best Of (Bustin' Out)


Rick James (1 de fevereiro de 1948 - 6 de agosto de 2004) cantor, compositor e produtor. Seu nome de batismo era James Johnson Jr., nascido na cidade de Buffalo, estado de Nova York. James era o terceiro de oito filhos de um ex-dançarino que trabalhava na indústria automobilística. Era sobrinho de Melvin Franklin, vocalista do grupo The Temptations. Com 15 anos, James ingressou na Reserva Naval. Quando isto passou a interferir em sua carreira musical, ele começou a faltar nos treinamentos no quartel aos finais de semana. Ele foi considerado "ausente sem permissão" do serviço militar e fugiu para Toronto, no Canadá. Lá, ele continuou sua carreira musical e formou uma banda chamada The Mynah Birds, a qual tinha também Neil Young e Bruce Palmer como integrantes. Os processos voltaram a rondá-lo quando seu sucesso o levou de volta aos Estados Unidos, onde foi preso e cumpriu pena por deserção. Depois de solto, James passou algum tempo no Reino Unido, onde integrou um grupo chamado Main Line. Em 1977 ele retornou aos EUA e foi trabalhar com a gravadora Motown, no início como compositor, depois como cantor e produtor. James foi mais produtivo no fim dos anos 70 e início dos 80.

O primeiro sucesso de James foi You And I, uma gravação de 8 minutos em seu primeiro álbum, de 1978, Come Get It, do qual fazia sua parte sua ode à marijuana chamada simplesmente Mary Jane.Em 1979 James lançou 2 álbums: Bustin' Out Of L Seven, em janeiro e Fire It Up na segunda metade do ano. Depois do pouco brilhante álbum Garden Of Love de 1980, gravou um álbum conceitual chamado Street Songs. Este incluiu seu grande sucesso Super Freak (o qual serviu posteriormente como sample para a música "U Can't Touch This" de MC Hammer, em 1990). Outros sucessos do disco incluíam Give it to Me Baby e Ghetto Life (no mesmo álbum). Além disso, ele ajudou a lançar a cantora de R&B Teena Marie e também o grupo Mary Jane Girls.Mas era o lado obscuro da vida de James que ofuscava sua carreira. Era um consumidor ocasional de drogas, viciado principalmente em cocaína. Em 1993, James foi acusado de assaltar duas mulheres para comprar droga. Passou dois anos na prisão, porém, isto não o impediu de continuar compondo. Foi libertado em 1995.James tentou retornar em 1997, porém sofreu um pequeno derrame durante um concerto em Denver, que pôs um fim em sua carreira musical. James tinha inúmeros fãs. Ele procurava conhecê-los e agradecer o seu apoio a ele. Antes do derrame, James foi entrevistado para uma série de tv chamada Behind The Music (Por Trás da Música), e pela primeira vez falou abertamente sobre o vício e sua batalha contra as drogas.

James foi encontrado morto por um empregado em 6 de agosto de 2004, em sua casa em Los Angeles. James morreu de falência cardíaca e pulmonar, tendo como complicadores o diabetes e o derrame cerebral. Na época de sua morte, estava a trabalhar em sua autobiografia, Confessions Of A Superfreak, assim como em um novo álbum. Em 2004 foi lançado o DVD Rick James: Rockpalast Live, que apresenta um concerto de 1982 gravado em Essen, Alemanha.


22 de fev. de 2009

Average White Band - Soul Searching


Inicialmete formado por 5 escoceses(o quê ?), é isso mesmo. Aposto que você pensou que na Escócia só existisse castelos e whisky... Se você não conhece esses caras, não caia na besteira que eu caí, não julgue antes de ouvir. Funkeira de 1ª categoria... e este album então, nem se fala !! Parece coletânea.... Muitos clássicos do início do Rap saíram daqui...

Paulada !!


[Estou ouvindo: Just Because - Conya Doss]

19 de fev. de 2009

Donny Hathaway - Live


Donny Hathaway foi uma das mais brilhantes vozes da Soul Music do início da década de 70, seu som tinham fortes tendencias do Gospel, mais flexionadas para o romântico e também com forte conteúdo Político-Protesto. Hathaway alcançou seu maior sucesso comercial em dueto com a maravilhosa parceira Roberta Flack, mas infelizmente ele é igualmente lembrada pela trágica circunstância de sua morte - um aparente suicídio, com apenas 33 anos. Hathaway nasceu 1 º de outubro de 1945, em Chicago, mas mudou-se para St. Louis quando ele era muito jovem, e começou a cantar na igreja com a avó com 3 anos de idade. Começou a tocar piano muito jovem, talentoso o suficiente, ganhou uma bolsa integral para estudar música na Howard University em 1964. Ainda na faculdade, ele tocou num grupo chamado Ric Powell Trio, após 3 anos de faculdade ele abandona o curso perseguindo oportunidades de trabalho que já estava sendo oferecido a ele na indústria fonográfica. Trabalhou nos bastidores como um produtor, arranjador, compositor e pianista de grandes nomes como Aretha Franklin, Jerry Butler, Staple Singers, The Impressions(inclusive sendo backing vocal), entre muitos outros.

18 de fev. de 2009

Zapp - All The Greatest Hits



Um dos grupos funk mais subestimado da década de 1980, Zapp revolucionou o funk com toques de Electro, usando um aparelho que virou sua marca registrada, o vocoder. O grupo familiar, com os irmãos Roger, Lester, Larry, e Tony Troutman, cresceu em Hamilton, Ohio, estado este que é berço natal de grandes bandas como Ohio Players, bem como o Parlament e de outros grupos funk.
Tony foi o primeiro a iniciar sua carreira, na obscura gravadora Gram-O-Phon Records com a música "I Love You Truly", em 1976. Desanimado com a repercussão do single, Tony acrescentou seus irmãos (com Roger nos vocais e violão, Lester na bateria, Larry na percussão, e ele próprio contribuindo contrabaixo) dando assim origem ao Human Body, posteriormente batizada Zapp, o grupo rodou todo o Meio Oeste e gradualmente foi acrescentando o apoio de vocalistas (Bobby Glover, Jannetta Boyce), teclado Greg Jackson, Sherman Fleetwood) e uma seção de Horns (Eddie Barber, Jerome Derrickson e Mike Warren).
Em 1980, William “Bootsy” Collins, foi contratado para trabalhar com o grupo, para o lançamento do álbum de estréia. Zapp, chega rapidamente ao Top 20, impulsionados pelo balanção arrasa quarteirão “More Bounce To The Ounce” e pela balada “Be Alright”. Em 81, Roger trabalhou junto com George Clinton e o mesmo Bootsy no álbum The Electric Spanking of War Babies do Funkadelic, e neste mesmo ano, sai o 1° disco solo de Roger, The Many Facets of Roger. Neste temos "I Heard It Through a Grapevine" e “So Ruff, So Tuff” como carros chefe, chegando ao disco de ouro (tal como tinha feito com Zapp).
Zapp II apareceu em 1982 e provou ser tão popular como o primeiro do grupo, incluindo a número 1 nas paradas R & B, o single, "Dance Floor". Em 1983, apesar de ser um grande álbum, Zapp III mal entrou no Top 40. The Saga Continues..., 2° solo de Roger também foi uma decepção em vendas.The New Zapp IV U saíram um pouco melhor no lançamento, no final de 1985 (graças ao single "Computer Love"), e em 1987, Roger lança seu terceiro disco solo, Unlimited!, como destaque maior o hit, "I Wanna Be Your Man , provando um grande mágico sempre tem uma cartada de mestre escondido nas mangas... single este alcançando o 3° lugar nas paradas de R&B. Embora o Zapp ter lançado ainda o disco V, o grupo parou definitivamente quando Roger, em 1991, lançou o LP Bridging the Gap. Roger continuou a produzir e tocar com outros artistas, e foi dar seu toque de mágica no single “California Love” de Dr. Dre & 2Pac, alcançando o Top 10 de 1996. A coletânea Roger & Zapp All The Greatest Hits vendeu bem, ganhando o seu primeiro disco de Platina. A história do Zapp terminou em tragédia em 25 de abril de 1999, quando Roger foi baleado por seu irmão Larry, que depois virou a arma contra si mesmo e atirou.


17 de fev. de 2009

Fred Wesley and The J.B.'S - Damn Right I Am Somebody


Damn Right I Am Somebody é um álbum bastante politizado. Suas letras tratam de questões raciais, defendendo os direitos dos negros na sociedade. Também são bastante questionadoras, como é o caso de “I’m Paying Taxes, What I’m Buying?”. Produzido por James Brown, este álbum mostra os J.B.’s no auge de seus poderes. Grooves da mais alta qualidade, solos épicos que remetem ao jazz de vanguarda, mudanças de tempo não convencionais. Está tudo aí, e colocado de forma brilhante pelos reis da funk music. Isto é funk em seu estado mais puro. Same Beat por si só, fala por tudo !

7 de jan. de 2009

Tower Of Power - Bump City


Tido com a "Fina Flor do Funk" ou como ouvi uma vez, o Rose Royce do Funk, esta banda californiana arrebenta neste 2° album da carreira. Ouça com muita atenção, com um destaque especial para cozinha formada pelo batera David Garibaldi e o fantástico e irrepreensível baixista Francis "Rocco" Prestia. Fodástico...
Ps. Minha dica é a logo a 1ª faixa, You Got To Funkifize... se o album fosse só esta música já estava de bom tamanho !!